terça-feira, 10 de março de 2020

"GUERRA" DO PETRÓLEO: COMO REFLETE NO BRASIL?


"O Brasil, ao meu ver, equivocadamente saiu de uma política de integração de todos os setores da área do petróleo. A Petrobras era uma empresa que atuava fortemente na produção de petróleo, na exploração do petróleo, no refino do petróleo, na distribuição do petróleo, na transformação do petróleo. [Passou a ser] uma empresa que foca quase que exclusivamente na produção do pré-sal brasileiro.
Ao fazer isso, reduzindo a utilização das refinarias, o Brasil passou a ser um importador de derivados de petróleo e um exportador de petróleo cru. Com a queda dos preços do petróleo, você vai ter uma queda brutal das receitas da Petrobras.
A rentabilidade da Petrobras vai cair. Como a rentabilidade vai cair, os fundos que estão aplicados em ações da Petrobras se desfizeram de ações e derrubaram os preços de ações da Petrobras, que caíram hoje [09/03] , em 30 minutos, R$ 74 bilhões – um quarto do valor total. [...]
Provavelmente isso vai refletir em uma queda no preço da gasolina, do diesel para o consumidor. Como a Petrobras está querendo vender as refinarias, vai ter que acompanhar os preços internacionais, reduzindo os preços de derivados. Evidentemente que os preços vão cair menos do que cai o preço do petróleo.
É isso que faz a beleza da integração da Petrobras e das empresas grandes de petróleo. Porque, no momento que o preço do petróleo cai, o preço do refino não cai tanto e a margem do refino aumenta e compensa o prejuízo.
Se você só está uma ponta, você fica submetido completamente ao ciclo do preço internacional, que é o caso agora. A menos que a Petrobras volte a aumentar a utilização das suas próprias refinarias e resolva não baixar os preços na mesma velocidade do preço internacional, o que é romper com a estratégia que a Petrobras vem adotando até agora."
                               Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras (2005-2012), en trecho de entrevista ao jornal Brasil de Fato.