sábado, 14 de março de 2020

QUE SEGREDOS BEBIANNO LEVOU JUNTO COM ELE?

 
   
     Gustavo Bebianno, advogado, 56 anos, ex-secretário geral da Presidência, morreu na madrugada desse sábado, 14 de março de 2020. Por uma dessas coincidências da vida, no mesmo dia em que a vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), foi assassinada há 2 anos.
    Bebianno saiu rapidamente do anonimato. Em 2017 se aproximou de Jair Messias Bolsonaro. Fizeram amizade e passou a advogar "de graça" para o então deputado federal pelo Rio de Janeiro. Chegou à presidência nacional do PSL, partido pelo qual o "seu Jair" se elegeu presidente. Próximo demais do poder, fez amigos e inimigos. De amicíssimo do clã Bolsonaro, virou desafeto.
    O jornalista Joaquim de Carvalho afirmou, em 2019, que a "desgraça" política de Bebianno pode ter começado quando ele decidiu enfrentar o esquema das milícias num hospital da zona oeste do Rio de Janeiro. Na época, chegou a denunciar que pacientes precisavam pegar senhas com milicianos. O "consultório do crime" determinava quem iria consultar ou ser operado.
    Articulador nos bastidores, Bebianno se filiou ao PSDB com a benção do governador de São Paulo, João Dória. Afirmava que o próximo passo político dele seria disputar a prefeitura do Rio de Janeiro.
    No comecinho de março, dia 2, Gustavo Bebianno concedeu uma entrevista ao programa "Roda Viva". De acordo com a jornalista Constança Rezende, nos bastidores ele "admitia ter medo de falar tudo o que sabia sobre os atos do presidente Jair Bolsonaro". Mas o ex-secretário geral da Presidência só participou do programa porque a primeira opção, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, desistiu da entrevista.
    Com a morte de Bebianno, esse arquivo de "tudo o que ele sabe" ficará fechado para sempre. A menos que tenha deixado alguma carta, algum diário, algum documento.
    O professor de Sociologia da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Costa de Oliveira, escreveu sobre o trabalho político do homem que chegou a ser o "braço direito" do presidente da República:
    "Foi um dos irresponsáveis pela promoção do político do baixo clero, antes vinculado somente ao corporativismo rasteiro de milicianos e militares para a presidência. Faleceu antes de ver o fim do bolsonarismo e o tamanho do desastre, comparsa e cúmplice do que sua classe produziu e pariu."
    
    

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.