domingo, 24 de maio de 2020

MEU PAI ME DEU UMA TELEVISÃO (3)



     Já contei aqui que meu pai me deixou de herança uma televisão. E rezo, todo dia, para que ela funcione direitinho. Rezar, não rezo pouco! Acordo todo dia, de madrugada, "caio de joelhos", levo as mãos aos céus e peço ao Deus pai, todo poderoso, que não me deixe faltar nada. Ou seja, dinheiro. Grana pra manter meu padrão de vida e também pra ajudar aqueles que rezam por mim. No caso, a seita que frequento. Mas é tudo de Deus, é de paz, é tudo branco como o mais puro dos sentimentos. Branco no sentido da alma. Porque cor de pele não deve diferenciar as pessoas. Somos todos iguais.
    Depois da filosofada domingueira... volto a falar da televisão. Já disse que, pra manter esse aparelho funcionando, vai muito dinheiro. Meu primo capitalista, que entende do vil metal como poucos, me alertou uma vez: "Não pague salário alto pra quem faz a manutenção da tua TV. Afinal, pra quê pobre vai querer dinheiro? Nem sabe gastar! Nem tem onde gastar!" Esse meu primo também me aconselhou: "A gente não sabe o dia de amanhã...portanto, quando viajar com alguns subordinados a trabalho ou pra fazer um curso de aperfeiçoamento pra manter a televisão ligada, na hora de pagar o táxi ou o carro de aplicativo, dança a macarena - ou seja, bate no peito e nos bolsos e diz que esqueceu a carteira em casa - e faz um desses manés pagar a corrida".
    E não é que funciona? Um dia peguei 50 reais de um otário e nunca mais devolvi. Num país cheio de problemas econômicos, custa caro manter um aparelho de TV ligado. Por isso, tudo o que você puder economizar, tá valendo.
    Aconselho isso para quem é dono de negócio em todas as áreas.
    A propósito, chamam-me Henrique.