domingo, 24 de outubro de 2021

"CLÁSSICO É CLÁSSICO": ORSON WELLES ....NAZISTA?

    


    Ele já foi o magnata da imprensa cidadão Kane ... já foi marinheiro e se envolveu  numa confusão e um crime... ele já foi considerado morto numa guerra, mas reapareceu "vivinho da Silva"...também já foi Macbeth, um rei com história trágica... também passou pelo Brasil onde fez muita farra, tomou cachaça e não conseguiu terminar um filme sobre o carnaval em 1942. O "enfant terrible" Orson Welles fez tudo isso e muito mais!
    Em nome do cinema já foi até nazista. "Incorporou" um admirador de Hitler no filme "O Estranho" dirigido pelo próprio Welles em 1946. Vivendo o genocida Franz Kindler (criador dos campos de concentração), ele desembarca numa cidadezinha do interior dos EUA, fingindo ser um professor universitário.
    O filme tem todo o conceito de "noir": Enquadramentos, iluminação, trilha sonora e os inevitáveis gritos esguelados da mocinha, aqui interpretada por Loretta Young. Tão bela quanto competente. Ela é vencedora de um Oscar de Melhor Atriz, mas por outro filme: "Ambiciosa" (1947). Também no elenco está uma estrela do cinema "noir": Edward G. Robinson. Aqui ele faz o papel de um investigador federal.
    "O Estranho" não teve uma recepção assim tão "calorosa". Era logo depois do fim da Segunda Guerra. O mundo ocidental estava "até aqui" com o nazismo. Mas a genialidade de Orson Welles transformou "apenas mais um filme" sobre as práticas dos nazistas numa produção muito boa. 
    O roteiro, escrito pelo próprio Welles e por outro gênio do cinema, John Huston, concorreu ao Oscar.
    O filme está disponível no Telecine do Now.