segunda-feira, 30 de maio de 2022

LUTO NA TELEVISÃO: A MORTE DE MILTON GONÇALVES, INDICADO AO EMMY INTERNACIONAL E MILITANTE DO MOVIMENTO NEGRO

   




     Milton Gonçalves estava com 88 anos. Morreu em casa, nessa segunda-feira, vítimas de problemas causados por um AVC em fevereiro de 2020. Mineiro de Monte Santo, quando jovem foi aprendiz de sapateiro, alfaiate e gráfico.
    Em 1965, fez parte do primeiro elenco da TV Globo. De lá até 2019, foram mais de 40 novelas. Entre elas: "O Bem Amado" (1973); "Pecado Capital" (1975); "Roque Santeiro" (1985); "Sinhá Moça" (1986) e o remake dessa novela em 2006. Por esse trabalho foi indicado ao Emmy Internacional como melhor ator. 
    Como diretor trabalhou em  "Irmãos Coragem" (1970); "Selva de Pedra" (1972); e "Escrava Isaura" (1976), uma das novelas mais vistas no planeta.
    Em 2019, a minissérie "Se Eu Fechar os Olhos Agora" foi o último trabalho dele.
    Milton também teve uma participação importante na política e na defesa dos direitos humanos, sendo militante do movimento negro. Foi candidato a governador do Rio de Janeiro em 1994. 
    Também afirmou que sentia falta de uma representatividade maior de negros no governo brasileiro: Negros e pardos são mais de 50% da população do país.
    Milton Gonçalves contou como começou a trabalhar em televisão:

    "Já namorava a futura mãe dos meus filhos (Oda, morta em novembro de 2013, mãe de Maurício, Alda e Catarina), estava apaixonado e disse que não iria mais me mudar para São Paulo. Foi quando o Graça Mello me convidou para atuar na novela que ele iria dirigir. Cai de cabeça nessa nova arte. Aprendei tudo sobre Televisão, da arte de atuar, dirigir e até editar."

    Sobre a participação dos negros na política, uma vez afirmou:

     "O grande problema é que nós não estamos na fotografia do poder. Olhe para o Congresso Nacional, passando pela Câmara e pelo Senado. Nós somos a metade da população do país, olha essa fotografia e me diz se há uma correspondência de negros. Não tem."