sábado, 16 de setembro de 2023

"1976": O QUE É ISSO, COMPANHEIRA? A DITADURA NO CHILE VISTA POR UMA MULHER

   


     Dá pra resumir assim: É a visão feminina da ditadura (1973-1990) no Chile comandada por Augusto Pinochet (1915-2006). Levemente baseado em fatos reais (em parte da vida da avó da  diretora Manuela Martelli) , "1976" conta o ano mais violento (um dos mais?) da sanguinária ditadura de Pinochet. Taí o motivo do nome: "1976", sacou?
    O filme acompanha a história de Carmen, uma burguesa "dondoca" com seus 50 e poucos anos, mulher de um médico que dirige um hospital em Santiago. Num (não tão...) belo dia de inverno, ela recebe, na casa de praia da família, a visita do padre Sanchez. Ele pede ajuda: Para Carmen esconder, na casa dela, um rapaz misterioso que está ferido.
    Carola que ela só (não "desgrudava da saia de um padre" por nada nesse mundo...), aceita o pedido. Mas, a princípio, só ela e o padre sabem da existência de Elias, o ferido com um tiro na perna. Contar pro marido, nem pensar. O sujeito classe média alta era um ultraconservador contrário "aos comunistas" que o golpe afastou do poder. Era o tipo que defendia: "Comunista bom é comunista morto".
    Papo vai, papo vem, Carmen descobre que Elias não é um "criminoso comum". É, em verdade, um opositor ao regime fascista. E está, óbvio, foragido.  A medida que o roteiro avança, a burguesinha vai descobrindo uma sociedade que ela desconhecia. Ou que preferia não enxergar. Com isso, vai sendo humanizada.
    A passividade dá lugar a uma tomada de posição. Mas é quase um segredo entre ela e pouquíssimas pessoas. 
    Com relação a "1976" como um todo,  falta, talvez, um pouco mais de ritmo na história. Não transformar a produção num thriller. Não é isso. Quanto à personagem principal, seria bom um pouco mais de profundidade na personalidade. Ela fica mais às voltas com seus dramas e medos. 
    Mas isso é compensado, em gande parte, com a arte e a sensibilidade da diretora Manuela Martelli. 
    O filme (de 2022) está "escondido" na Netflix. Assisti-lo é uma ótima oportunidade de conhecer melhor o que foi aquele "ano de chumbo" no Chile.
    Ainda mais que os 50 anos do começo da ditadura acabaram de serem lembrados numa grande cerimônia em Santiago.



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