Ao analisar a obra, Ribeiro também discute o passado, o presente e o futuro (há futuro?) do jornalismo, principalmente o investigativo, como o conhecemos hoje. O brasileiro viveu uma experiência profissional terrível: foi correspondente de guerra no Vietnã (março de 1968), onde perdeu parte da perna esquerda num terreno minado. Hersh escreveu, no livro, sobre um massacre feito pelo exército dos EUA na mesma guerra: a matança de civis na aldeia de My Lai. O profissional americano redigiu todo o texto sem nunca ter ido (durante o confronto) naquele país asiático. Fez tudo de Nova York, mas investigou e- e confirmou - a responsabilidade de um tenente sanguinário de apenas 26 anos, no massacre de My Lai
Com a competência e a autoridade "de quem esteve lá", Zé Hamilton conta bastidores dessa investigação e relembra os momentos difíceis que ele - Zé - passou por lá. O jornalista brasileiro comenta algumas máximas do colega americano:
"Tem que ser duro, implacável, mas bem documentado. Ter muita energia. Assim, quase sempre se chega antes. E quem chega na frente, bebe água limpa".
"Todo repórter se move pelo instinto"
"Sou um sobrevivente" (da fase de ouro do Jornalismo americano). "Nessa época não precisava competir com as noticias 24 horas da TV a cabo ou da internet".
E O FUTURO DO JORNALISMO?
Hersh dispara: "Estamos saturados de notícias falsas, informações exageradas e incompletas. [...] Os jornais, as revistas e as redes de TV continuarão a demitir repórteres, reduzindo a equipe e encolhendo o orçamento disponível para uma boa reportagem. [...] Por falta de dinheiro, tempo ou equipe habilidosa e bem paga, estamos cercados por reportagens com 'ele disse, ela disse'. [....] E o repórter não passa de um segurador de microfone."
José Hamilton Ribeiro manda o petardo: "E o Brasil? Aqui também o bicho não anda manso. Mas nada está tão ruim que não possa piorar. [...] A fotografia [do jornalismo brasileiro], nesse momento, só mostra o túnel escuro sem uma luz no fim..."
SEYMOUR HERSH
JOSÉ HAMILTON RIBEIRO
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