terça-feira, 30 de junho de 2020

"É FRIA, PSIT".... RENATO ARAGÃO É DEMITIDO DA TV GLOBO

    "Tecnicamente" é o contrato que o comediante tinha com a emissora que não foi renovado depois de 44 anos. Mas, "na prática", foi demissão, sim. A informação é do jornalista Maurício Stycer. Com a saída, Aragão deixa de receber um salário que giraria em torno de 400 mil reais por mês.
    O artista estava fora do ar desde 2013. Aos poucos, o humor que ele e a "troupe" dos Trapalhões faziam foi perdendo espaço. Pelo estilo e também pelas mudanças na sociedade. Muita coisa que era considerada "normal" passou a ser classificada como "politicamente incorreta": Piadas que eram chamadas de "inocentes", "de salão", carregavam uma dose de preconceito racial; as pessoas passaram a ver machismo e homofobia no texto de Renato Aragão.
    Por exemplo, quando queria insinuar que alguém era homossexual, Didi largava: "Esse aí camufla", "esse aí escamoteia", "ele solicita", "é rapaz alegre". As referências eram, quase sempre, para Dedé Santana e Zacarias. Mussum era chamado de "Negão". Mussum respondia dizendo pra Aragão que "Negão é o teu passado".
    A mulher em muitos esquetes era quase sempre tratada como objeto. Se fosse bonita também era classificada como "burra". Nos Trapalhões, Didi era o "esperto/inteligente/malandro"; Dedé, o "galã de vila" burro; Mussum, o "preguiçoso cachaceiro"; e Zacarias, o garoto "inocente/sem malícia".
    Quem fez "escada" pra quem? Normalmente quem "brilhava" era Renato Aragão. Os colegas precisavam "preparar a piada" para ele terminar "bem". Mas um talento que não pode ser esquecido é o do Mussum. O ator/sambista era tão ou mais engraçado que Didi.
    Fica evidente que Aragão sempre quis ser o Carlitos brasileiro. Mas aquele Carlitos bem Macunaíma...
    Didi, Dedé, Mussum e Zacarias fizeram humor num Brasil diferente. Num país que achava graça e tolerava a comédia considerada "politicamente incorreta".
    Veja, abaixo, trechos de esquetes dos Trapalhões.

(fonte: YouTube)