segunda-feira, 17 de agosto de 2020

FANTÁSTICO FOI BUROCRÁTICO NA COBERTURA DO CASO DE ABORTO DA MENINA


Para o "Show da Vida", o protesto "não existiu".


    Burocrático ou..."burrocrático"? Nesse domingo, a notícia mais falada no país foi o caso da menina de 10 anos que recebeu autorização da Justiça para fazer um aborto. Como os médicos do Espírito Santo (estado da garota que ficou grávida por sucessivos estupros do próprio tio) se recusaram à cumprir a lei e realizar a operação, a criança foi encaminhada para o Recife, onde a gravidez foi interrompida.
    O programa da Globo fez a cobertura "básica", burocrática. Mostrou os aspectos legais, o drama da menina, as pressões que ela e os parentes sofreram e as investigações sobre o caso. Mas essa história vai bem mais além. Não é "só" um crime. Tem aspectos políticos e comportamentais. O Fantástico não mostrou, por exemplo, que grupos de extrema direita, de religiosos conservadores, fizeram um protesto em frente ao hospital contra o direito da garota.
    Essa situação chamou tanto a atenção quanto a operação que foi realizada na criança. Por sinal, de acordo com o boletim médico, ela passa bem e está em recuperação.
    Mas o Fantástico não foi nada bem nessa reportagem. Fica aqui uma dica de pauta (de graça): Por que não fazer novas reportagens discutindo a legalização (ou não) do aborto? A mobilização da sociedade brasileira em torno desse assunto.
    Na Argentina, por exemplo, as mulheres são muito mais mobilizadas do que as brasileiras. Por lá, segundo o jornal La Nación, a maior parte da população é a favor do aborto (49% contra 40%). Há 2 anos, o Senado rejeitou uma emenda (aprovada na Câmara) que legalizava a interrupção da gravidez. O atual presidente, Alberto Fernández (eleito com o apoio dos movimentos progressistas), prometeu trabalhar pela descriminalização do aborto.


                                                     


             

Há 2 anos, milhares de mulheres foram às ruas de Buenos Aires pedir a legalização do aborto