sexta-feira, 11 de setembro de 2020

COM O PREÇO DOS ALIMENTOS SUBINDO, TEREMOS A VOLTA DOS "FISCAIS DO SARNEY" NA VERSÃO "FISCAIS DO SEU JAIR"?

 

    No dia primeiro de março de 1986, o microempresário Omar Marczynski foi a um supermercado, em Curitiba, para fazer compras. O Plano Cruzado havia sido lançado há pouco tempo, a inflação era gigantesca, e o então presidente José Sarney inflamou a população com o discurso: "Todo brasileiro e brasileira são fiscais de preço!". Ao se deparar com o que na época eram considerados preços "exorbitantes", Marczynski não teve dúvida. Exaltado, disparou a frase: "Em nome do povo brasileiro e do presidente Sarney fecho esse supermercado".
    O microempresário saiu do supermercado para entrar para a história: Não tinha cargo público, não era fiscal da (hoje extinta) Sunab (Superintendência Nacional de Abastecimento), mas virou "celebridade" no país por aparecer em telejornais de alcance nacional. E lembre: Isso numa época em que não havia internet. Computadores pessoais eram raríssimos. Facebook, instagram ou "zap" nem pensar naquela já muito distante década de 80....O homem virou personalidade pública graças aos jornalistas... 
    Aquela era a "Era do Gelo dos Direitos do Consumidor". Ainda não havia sido criada a Constituição cidadã Brasileira (só foi promulgada em 1988) e nem o Código de Defesa do Consumidor (criado só em 1990 - há exatos 30 anos, num 11 de setembro). Ou seja, a relação comércio X consumidor era uma "briga de foice no escuro". Mas a batalha de Marczynski pelos direitos dos clientes lhe rendeu mais do que o reconhecimento: Foi nomeado (já no governo Collor) - e por 18 meses ficou no cargo -  superintendente nacional da Sunab.
    Em 2020, com a disparada do preço do arroz (por causa do desabastecimento causado por quebra da safra e incentivo do governo para exportação...), Bolsonaro primeiro fez um "apelo" para que os donos de supermercados baixem a margem de lucro para o produto ficar mais barato. A princípio, alguns empresários responderem no "estilo Maria Julieta" de ser: "Se tá caro, que o povo troque arroz por macarrão". O "seu Jair" afirma que não vai usar a caneta bic para tabelar preços. Apenas conta com o "bom senso" dos empresários e produtores. Mas do jeito que a boiada anda, basta um "talkey" do ex-capitão para haver um "grande estouro" da boiada dentro dos supermercados. Seria a volta dos "fiscais do Sarney" na versão "fiscais do seu Jair"???
    A propósito: Depois que deixou a Sunab, Marczynski não teve sucesso nos negócios dele nem na política. Tentou se eleger vereador em Curitiba e não conseguiu. Arriscou a sorte numa pequena produção/loja de confecções e também não teve bom resultado. Virou uma espécie de "caixeiro viajante" vendendo roupas no interior do Paraná e de Santa Catarina. Morreu em 2007 em Manaus.
    Abaixo, veja a reportagem do JN de 01/03/1986 mostrando Omar Marczynski fechando o supermercado em Curitiba. Nos primeiros segundos, a matéria não tem áudio e é chamado o "Rio de Janeiro", quando na verdade é Curitba...

(fonte: Internet)