domingo, 15 de novembro de 2020

A REPÚBLICA DE CURITIBA: UMA CIDADE REACIONÁRIA E O ELEITOR ANALFABETO POLÍTICO

   


     O resultado da eleição em Curitiba mostra que a capital paraense entrou no túnel do tempo e preferiu ficar parada na década de 90. Uma cidade que não é progressista, que não se moderniza, que não busca alternativas de uma vida mais saudável.
    A capital do Paraná ficou presa no trânsito da linha exclusiva do ônibus expresso. Isso vem desde a década de 70 (!). Nunca, nunca se pensou em construir um metrô que utilizasse energia elétrica, uma energia "limpa" em vez do combustível fóssil, o óleo diesel dos ônibus. Aliás, o sistema de transporte coletivo é polêmico. Nesse ano, com a aprovação da Câmara dos Vereadores (muitos reeleitos...) o prefeito reeleito destinou um "auxílio emergencial" de até 200 milhões de reais para as empresas. Enquanto isso, os pequenos comerciantes imploravam por uma ajuda miserável nessa pandemia...
    E onde estão projetos para dar opção de mobilidade para o povo? Por exemplo: Mais ciclovias, mas espaço para as bicicletas? A prioridade são os carros...
    Em busca de mais popularidade, o alcaide lançou um programa monstruoso de asfaltamento de grande parte da cidade. Até rua onde o asfalto ainda era bom, recebeu um recapeamento. Por que tanto? A resposta pode estar numa máxima do meio político: "Obra boa é obra que aparece. Não adianta você canalizar 100 por cento do esgoto da cidade. O eleitor não vai ver...."
    Aí tem, ainda, aqueles outros alicerces de uma cidade humanamente justa: Educação e Saúde. O eleitor procurou saber quanto a Prefeitura investiu, nos últimos 4 anos, nessas áreas tão importantes? Quantos CMEIs, escolas, bibliotecas, postos de saúde, hospitais, foram construídos? Toda a verba prevista para essas áreas foi usada? E pra manter os serviços funcionando satisfatoriamente, quanto se investiu na contratação (via concurso) de novos servidores? O quanto se valorizou os funcionários? O quanto se aplicou em treinamento desse pessoal?
    Curitiba está parada no tempo. Ainda se vive daquele sonho de Jaime Lerner. A cidade era menor, bem menor do que é, mas havia uma visão de futuro, de valorização dos espaços urbanos para os seres humanos. Hoje a capital está bem maior, é a maior capital do sul do Brasil, mas está mais provinciana. 
    O curitibano está na "zona de conforto". Tem medo de "inovar". O pior é que esse "conforto" é de fogão à lenha, quando poderia estar, já, investindo em energia solar pra fazer fogo...
    O professor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Costa de Oliveira, define bem a campanha e o perfil do prefeito reeleito e o que ele representa no "imaginário" do eleitor comum, o "analfabeto político", expressão criada por Bertolt Brecht:

"Uma aliança milionária entre muitos interesses, as famílias donas do transporte coletivo, os incorporadores imobiliários, as empresas de licitações dos serviços urbanos da prefeitura, os vereadores da situação e os exércitos de comissionados. Rafael Greca de Macedo representa uma figura importante no imaginário de parte da alma curitibana, um dos poucos que conhece de cor e canta o hino de Curitiba emotivamente. O prefeito também inventa suas tradições identitárias e históricas, um contador de histórias e estórias, uma imagem delirante, no teatro medieval representaria o popular papel de um bufão e isto para ele é uma vantagem a mais na imagem da personagem política mambembe do velho burgomestre curitibano, na verdade Rafael é um astuto e eficiente comunicador e marketeiro político de si e de sua classe nesta altura do campeonato."

    Não é à toa que a cidade é conhecida como a "República de Curitiba". Um povo comandado por um político ao mesmo tempo arrogante e medroso. Arrogante porque disse que todos os outros candidatos tinham propostas "medíocres" para a cidade. Medroso, porque fugiu dos (poucos) debates realizados. Deve ter aprendido com o grande exemplo político dele: Jair Bolsonaro.