sábado, 6 de fevereiro de 2021

IMPRENSA BRASILEIRA SAI MANCHADA DA LAVA JATO

  


      Aqui jaz a Lava Jato (2014-2020). Mas dá pra afirmar que a "validade" dela foi determinada até 2018. Motivo: Aniquilar qualquer pretensão de Lula de concorrer à Presidência. Sob o manto do combate à corrupção foi montada uma operação para afastar a esquerda do poder e abrir caminho para um presidente de extrema direita (com o apoio dos suíços, dos americanos, com tudo...).
    Nessa receita seria preciso a participação do PIG. E ele não negou fogo. Um dos donos do maior grupo de comunicação do país literalmente abriu as portas da empresa pra se reunir com um procurador que garantiu aos seus pares - em mensagens vazadas na Vaza Jato - o "sucesso" do almoço com o empresário: "Vai abrir espaço de publicidade na Globo gratuitamente". O encontro foi em novembro de 2015. A LJ queria "bombar" as tais "10 Medias Contra a Corrupção". Um conjunto de ideias que dariam um "verniz de legitimidade" pra tudo o que se fizesse nas investigações.
    Jornais impressos, portais de notícias, rádios, TVs. Foi todo mundo "comprando" o que a Lava Jato fazia sem "pestanejar", sem perguntar. A estratégia da operação foi bem montada: Liberavam a "chave" do sistema onde estavam informações para a imprensa, quase na hora do JN, mas com tempo hábil para que se produzissem "reportagens" contando como foi o depoimento daquele dia, como agiu algum delator pra livrar a "própria pele". Dá-lhe matérias muitas vezes consideradas "longas" para a televisão (com 6...8...ou até 10 minutos) de "malho" em cima do PT e, pra ouvir o "outro lado", eram apenas aquelas notas curtas que o locutor lê.
    O professor de Ciência Política e coordenador do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública da UERJ, João Feres Junior, descreveu, em detalhes, num artigo, como foi a edição do JN depois do depoimento do ex-presidente Lula a Sergio Moro, em Curitiba, em maio de 2017. De acordo com o texto do acadêmico, o cenário do telejornal foi cuidadosamente preparado pra causar impacto contra o petista: "Aparece a animação de um cano de óleo jorrando notas de cem reais. Tal animação seria mostrada em quase todas as matérias do segmento sobre Lula". Ou seja, houve uma "editorialização" do jornal. Se houvesse "imparcialidade" (oi?!) o correto seria um "fundo neutro".
    Feres Junior também destaca o tempo de produção do jornal: "Durou um total de 53 minutos e 18 segundos, enquanto uma edição normal do JN [na época] dura em torno de 30 minutos. Do total, 42 minutos e 32 segundos foram gastos com material sobre Lula, ou seja, 80% do tempo do jornal. Somente a narrativa do depoimento tomou 60% da edição, um total de 31 minutos e 41 segundos."
    Lembremos aqui, meu amigo/minha amiga, que esse "massacre midiático" durou muito tempo. Nos telejornais e nas edições impressas da chamada "mídia corporativa/patronal/conservadora".
    Ou por ordem dos patrões e/ou dos chefes, os jornalistas produziram as páginas que estão entre as mais vergonhosas da história do Jornalismo brasileiro. Escreveram simplesmente o que procuradores e o ex-juiz diziam. Não perguntavam, não questionavam. Não exerciam um dos "princípios" básicos do bom repórter: Sempre desconfie. Não aceite a primeira resposta como a verdade absoluta.
    Isso era o quê? Convicção e um certo "apoio" à LV, ou medo de começar a questionar e acabar perdendo o emprego? Talvez um pouco de cada coisa...
    Com a publicação dos diálogos da Vaza Jato, uma "outra verdade" começou a emergir. Juiz , na prática, chefiando o trabalho da acusação. Isso é ilegal. Magistrado tem que ouvir (e tão somente ouvir)  as duas partes (acusação e defesa) pra então dar um veredito. A forma "apressada" que tentavam resolver as coisas pra não dar tempo da defesa se posicionar.  A forma preconceituosa e grosseira de se referir à pessoas ("O nove dedos"...)  e à imprensa. Nesse caso, até chamando os repórteres "parças" de "abutres".
    E como nesse mundo tudo é possível, já temos jornalistas que tentam "reescrever" a história, dizendo que apenas "acompanharam", que só seguraram microfone ou caneta, isto é, que não tem "nada a ver com isso". Gente que não quer "emitir um julgamento" sobre o que foi o trabalho da LV. Quer dizer, "capitães do mato" a serviço da Casa Grande.
    O inacreditável: E tem jornalista dizendo que fez um "trabalho histórico" e que se "orgulha da cobertura" ao longo desses anos. Depois de tudo o que foi revelado, ou o sujeito vive numa bolha (um eterno desinformado e sonhador) ou sempre agiu de "má fé" seguindo a "cartilha" patronal.
    E a menos que tenha levado "alguma vantagem" em tudo isso (tipo escrever um livro, um roteiro de filme ou série, ou ter feito "consultoria" para procuradores), é um tremendo Zé Ruela por bater no peito e gritar ao mundo:
    "Eu ajudei a escrever a história desse país!"