sábado, 17 de abril de 2021

ENTRE ONDAS DE DEMISSÕES, O JORNALISMO VAI ACABANDO

     

Nem o Super-homem resolveria o problema do Jornalismo


    Em muitas áreas, a pessoa precisa ter "tempo x" de experiência para ser considerada  preparada para os desafios da profissão. Na aviação comercial, por exemplo, para se tornar, primeiro, copiloto de um Boeing 737 (que transporta cerca de 170 passageiros) são exigidas, muitas vezes, 1.500 horas de voo (pelo menos), o que pode levar, em média, 5 anos para se conseguir. 
    Na Medicina, ninguém "sai operando" depois que pega o "canudo". É preciso residência, treinamento como auxiliar de cirurgião, trabalho supervisionado por quem é experiente, competente. Na Odontologia, na Engenharia, no Direito. Também motorista profissional, limpador de janela e até dublê de cinema. Tudo exige aprendizado. São campos que requerem "horas de rodagem" desses trabalhadores.
    O Jornalismo, obviamente, não é exceção. E o produto final que o público consome perde qualidade  quando empresas começam a demitir os mais experientes (por que "ganham mais") e encher as Redações com novatos(as). Salário menor. É tudo o que um patrão quer. Por falar nisso, ainda tem patrão que quer dar aula de...ética! Talvez gente assim nem saiba, mas a ética profissional - no exercício de qualquer atividade - é um conjunto de normas e valores adotados no local de trabalho. E não só, não só, uma série de "quadrinhos" pendurados na parede com os "princípios" da firma elaborados por algum marqueteiro.
    Ética no trabalho (pra usar um clichê) é uma "via de duas mãos". A obrigação do empregado, mas, também, a obrigação do patrão. Do funcionário se exige respeito profissional. Do patrão, respeito ao profissional.
    Vamos aprofundar só um pouquinho: o filósofo Immanuel Kant (1724-1804) é considerado o precursor do conceito da dignidade humana. Que ao homem não se pode atribuir valor (preço). O ser humano deve ser respeitado como fim ( o pleno desenvolvimento da humanidade em todos os aspectos) e não um meio para o patrão conseguir lucro. Indo no popular: "Ganha muito, manda embora!"
    O patrão pode ser um "problema". Mas executivos de grandes corporações, também. Principalmente quando eles se sentem "ameaçados" em suas funções. Sobretudo por subordinados. É o medo de perder o cargo que faz com que se fechem em grupos. E é da natureza que vem o exemplo: Os lobos vivem e caçam em matilhas. Formando um bando, são mais fortes para sobreviver.
    E sobreviver no mercado de trabalho não tem sido fácil. A área de comunicação não fica fora disso. Um grande grupo de Jornalismo vai acabando a medida que manda embora os profissionais mais experientes. Daqueles que permanecem, parte fica quieta por medo, também, da demissão. Parte fica quieta por covardia e ainda por ambição: "Pode sobrar pra mim um cargo melhor, de chefia..."
    Mas há aqueles que se preocupam com a qualidade do que será produzido com uma equipe com muitos inexperientes. A angústia chega a tal ponto que começam a questionar a competência, o conhecimento de quem fica. No Paraná, especificamente, os "velhinhos bem informados" (e empregados!) perguntam: "Será que esses nossos coleguinhas novatos sabem quem foi Ney Braga? Quais os cargos que Roberto Requião exerceu? Quando Itaipu foi construída? Caso Banestado? Em que governo do estado as montadoras de veículos chegaram ao Paraná? Quando desabou o edifício Atlântico em Guaratuba?  E o sequestro em Marechal Cândido Rondon? E o assalto ao avião da VASP desviado para Porecatu?
    Não se trata de "pesquisa". De dizer: "É fácil. Bata olhar no google".
    Se trata de cultura, de conhecimento, de estudo. 
    Ser humano não é maquina. 
    Empresas de Jornalismo precisam de pessoas que pensem. Não que apenas apertem botões.