Arquiteto, urbanista e político. Nascido numa família de imigrantes poloneses em 17 de dezembro de 1937, era piá e polaco curitibano. A formação foi sempre em escolas públicas: ensino fundamental, médio e superior. Na Universidade Federal do Paraná estudou Arquitetura. Formado em 1964, apenas um ano depois ajudou a criar o IPPUC - Instituto de Planejamento Urbano de Curitiba. Foi casado com Fani Lerner (1946 - 2009).
Em 1971, durante o regime militar, foi indicado prefeito de Curitiba. Na época, prefeitos indicados eram chamados de "biônicos". Por causa da ditadura, não havia eleições para prefeito, governador e presidente. Em 1979 foi nomeado, novamente, para comandar a Prefeitura. Em 1988, finalmente pelo voto popular (com a redemocratização do país) chegou ao terceiro mandato.
Lerner foi eleito governador do Paraná em 1994. Apesar de estar no PDT, saiu vencedor na "avalanche" da eleição de FHC (PSDB) com a criação do Plano Real naquele ano. Em 1998, já no PFL, foi reeleito governador. Deixou a vida pública em 2003 quando passou o cargo para o arquirrival Roberto Requião (MDB).
REALIZAÇÕES
Logo no primeiro mandato como prefeito, na década de 70, saíram da prancheta de Lerner duas ideias consideradas moderníssimas para a época, mas também consideradas polêmicas: O fechamento da Rua XV para veículos, criando um calçadão ("o primeiro shopping a céu aberto do país"); e as canaletas exclusivas para ônibus. Essa proposta chegou a outros países. O ex-governador sempre defendeu a tese: "Metrô é muito caro. Melhor é um sistema inteligente de ônibus em canaletas". Acreditava que o sistema de Curitiba ainda (em 2021) não estava saturado e que, desse jeito, "resistiria" pelo menos por mais 20 anos.
Na capital, criou diversos espaços para a convivência da população: Parques Barigui, Tanguá, São Lourenço e Tingui; Jardim Zoológico; Rua 24 Horas; Universidade Livre do Meio Ambiente; Ópera de Arame; Jardim Botânico. E quando ainda pouco se falava em preservação do meio ambiente nas grandes cidades, implantou o programa "Lixo que Não é Lixo", para a população separar o lixo reciclável.
Como governador, no embalo do Plano Real, ajudou a desenvolver a economia do estado. Fez a política de atração de montadoras para a região de Curitiba: Renault-Nissan, Volkswagen-Audi, Fiat Chrysler e DAF, que vieram a se somar a Volvo que já estava aqui desde a década de 70.
Junto com a ex-primeira dama Fani Lerner, tinha uma preocupação social especialmente com a infância: a atenção à educação das crianças deu ao então governo o prêmio "Criança e Paz" da Unicef. Foram premiados os programas "Da Rua para a Escola", "Protegendo a Vida" e "Universidade do Professor".
POLÊMICAS
Em 3 mandatos como prefeito e em 2 como governador, Lerner também enfrentou algumas polêmicas, críticas e questionamentos. Parte do eleitorado afirmava que ele "governava para a classe média; para a Curitiba europeia e branca"...
No projeto do Anel de Integração do estado (duplicação de rodovias) foi criticado por dois motivos, principalmente: As obras de duplicação (que tinham que ser feitas pelas concessionárias das estradas) pararam; e o contrato feito para a cobrança de pedágio foi considerado "draconiano" porque "amarrou" muito o governo e as tarifas eram absurdamente caras.
Também foi questionada a tentativa de privatizar a Copel. Questionada pelos políticos e pela população.
Polêmica e escândalo estavam de mãos dadas no Banco do Estado do Paraná: Foi o chamado "escândalo financeiro do Banestado". Em 2000, Lerner vendeu o banco ao Itaú, em leilão, por R$ 1,6 bilhão. Na época, o presidente FHC ameaçava intervir no Banestado via Banco Central.
Controvérsias à parte, Jaime Lerner foi uma referência internacional em urbanismo. Foi consultor das Nações Unidas, premiado no Brasil e no exterior. Fez projetos para algumas capitais e para cidades de fora do país.
Ele disse: "Cidade não é problema. Cidade é Solução".