Já cantou o mestre Paulinho da Viola: "Faça como o velho marinheiro/Que durante o nevoeiro/Leva o barco devagar". Esse trecho de "Argumento" também pode ser um argumento para a esquerda brasileira. Pipoca a CPI da Covid. Vários depoimentos foram , digamos, insinceros, de deixar o Rolando Lero se sentindo um amador....Vários depoentes tentando reescrever a história, o que disseram, o que fizeram.
Até que chega a médica infectologista Luana Araújo (que por uma semana foi secretária de Saúde do Ministério da Saúde até ser "desconvidada" para o cargo) e "desossa" os bolsominions. Palavra por palavra, conceito por conceito, ela mostrou por que, por exemplo, o tratamento precoce para a covid-19 não funciona com a cloroquina. Para aqueles senadores velhinhos conservadores embasbacados (que parecem ter vindo direto da Idade Média) ela ensinou: "Ciência não é opinião. Ciência é estudo, pesquisa, análise. Não existe 'divisão' na ciência. O que existe é a ciência bem feita ou mal feita".
Dito isso, amiga/amigo navegantes em um nevoeiro nunca antes enfrentado, vamos a algumas considerações que "pululam" nas redes sociais. É de direito as pessoas "investigarem" quem é a médica que deu aula para a direita e deixou senadores de esquerda "encantados". E a conclusão que alguns companheiros chegaram é: "Ela é (ou foi) bolsonarista. Porque tem duas publicações dela nesse sentido. Uma é defendendo a primeira-dama Michele na posse. Outra é defendo a volta às aulas em plena pandemia". Nesse caso foi citada num texto do Estadão.
Outro argumento: Se aceitou ser secretária do governo federal é porque é bolsonarista. Ela disse que queria só "ajudar o país" com seus conhecimentos.
OK. Pode ser tudo isso, mas também pode ser nada. Ou quase nada.
Mas ela disparou algumas frases e conceitos contra o bolsonarismo negaconista reinante:
"Tratamento precoce é discussão delirante"
"Imunidade de rebanho é impossível de se atingir"
"Estamos na vanguarda da estupidez mundial"
"Estamos discutindo de que borda da terra plana nós vamos pular"
É normal que ativistas de esquerda se sintam "desconfiados" com uma pessoa que topou fazer parte da equipe de governo e que, ao mesmo tempo, faz um discurso tão contundente contra as políticas desse governo, que nem mesmo os parlamentares de esquerda poderiam fazer. Mas...Bora Pensar! "Se" em algum momento ela foi bolsonarista, parece estar "arrependida". Que bom que ela tem esse posicionamento voltado à ciência. Mas preocupação da oposição é, também - e muito - com 2022 que vem chegando...
O importante nessa altura do campeonato é contar com uma "aliada" como ela. Que pensa diferente do Messias. Mesmo que seja em aspectos científicos, técnicos. Fazer política também é isso. É se aproximar de quem pensa igual ou passou a pensar igual a você.
Boa parte da esquerda aplaudiu a aproximação Lula-FHC. Política é isso. Juntos contra um mal maior.
E vamos tocando o barco. Com cautela, com paciência. Porque 2022 promete ser tempestuoso.
