O patrão chega e diz: "Vou te demitir. Você está muito velho e ganha muito!". (Pausa: O que é, para um barão capitalista, "ganhar muito"?) Pego de surpresa, o trabalhador diz: "Tá OK. Estou de acordo!".
Claro que o exemplo acima é uma obra de ficção. Uma coisa é o empregado "pedir pra sair". Sim, tem gente (muitas vezes corajosa...) que não aguenta mais o dono do negócio ou o "rumo" que o negócio tomou....Outra é o empresário simplesmente dar um pontapé no traseiro do sujeito...
E como fica a "explicação" para a imagem da "firma". Nesse caso, burocratas e chefetes vem a público para "informar":
"O seu Zezinho da Vila Pioroquinha, que deu 40 anos da vida dele para o nosso grupo, está saindo. Foi uma demissão em comum acordo".
OI?
Explicando: Existe, de fato, a possibilidade da chamada "demissão por comum acordo" (criada na deforma trabalhista do Temer...). Mas ela pode ser usada quando o trabalhador é que pede demissão. Aí ele negocia com o patrão pra receber parte da multa do FGTS e metade do aviso prévio. Mas, fica, a princípio, sem ter direito ao seguro-desemprego.
Poisintão: Patrões estão usando essa "demissão por comum acordo" como uma figura de linguagem "diplomática" pra dar a entender que está "todo mundo feliz": Eles e o pobre coitado que é mandado pra rua.
Alguns empregados até afirmam, também, que foi de "comum acordo". Talvez tenham que engolir essa embromação por dois motivos (que só ocorrem no Mundo de Nárnia...): 1. Ou não querem "queimar o filme" porque sonham um dia em voltar a trabalhar no lugar... 2. Ou porque têm medo de perder algum "benefício" prometido pelo burocrata na hora da demissão. O chamado "cala boca".
Mas... tem aqueles que negam que fizeram "acordo" com empresários para serem demitidos. Um apresentador de televisão, por exemplo, disse esse ano, ao "ganhar as contas":
"Não foi comum acordo, coisa nenhuma. Fui demitido. Chutado pela porta dos fundos!"
É a briga Evaristo x CNN Brasil.
