sexta-feira, 29 de abril de 2022

CURITIBA JÁ TEVE UM "BOBÓDROMO" PRA CHAMAR DE SEU

    
(foto: Curitiba de Outros Tempos)


    Eu e muitos/muitas colegas trabalhamos na Sociedade Rádio e Emissora Paranaense, o popular "Canal 12", que ficava no Castelo do Batel na avenida e no bairro central de mesmo nome na região central de Curitiba. 
    E pra muita gente era "diversão" de domingo nos já distantes anos 80 - ficar passeando de carro de uma ponta a outra da avenida - bem devagarinho pra "azarar" (nem sei se ainda se usa esse termo...) ou seja, "paquerar" (xi, acho que piorei...) pessoas em outros carros. Para nós e pra outras pessoas que trabalhavam ou moravam na região era um pesadelo por causa do engarrafamento.
    Era um festival de motos e carros, novos e velhos, que eram "exibidos" com orgulho pelos donos dessas máquinas e - dependendo do "possante", se não fosse um "poçante"- serviam como "instrumento de sedução" na domingueira.
    Convenhamos que esse passeio (imagine hoje com o preço da gasolina a quase 8 reais!) era uma coisa pra lá de brega. De uma Curitiba que ainda tinha um perfil de província, de cidade do interior. Por esses rincões do país, há não muito tempo era comum esse tipo de "passeio" na rua principal das cidades pequenas.
    E  pela reação de quem frequentou essas "jovens tardes de domingo", essa "recreação" deixou saudades. Esse "ir e vir" é lembrado com "saudade", com gente dizendo que "era massa", que "fazia cartão de visita com nome e telefone pra distribuir para as meninas dos outros carros..."
    No nosso caso, chegar para trabalhar ou ir embora no fim do expediente (lembre que televisão funciona 7 dias por semana) era um martírio. Mesmo para outros motoristas que precisavam usar um trecho da avenida.
    Também tinham ambulâncias, carros de polícia, caminhões de bombeiro que precisavam desviar dessa rua. Um absurdo.
    E por ser um "absurdo", porque o "bobódromo" (como esse passeio era chamado) durou tanto tempo? Há uma "lenda" de que o motivo seria o seguinte: Parentes de autoridades civis, militares e eclesiásticas participavam da "festa". Aí os "homens da lei" ficavam "intimidados" com a situação.
    Lembro que, naquela época, ao entrevistarmos um policial sobre o caos que era o trânsito na avenida Batel aos domingos, teve a seguinte conversa:
    ---- Por que os senhores fazem blitz nos bairros pobres (com uma frequência bem maior) e não impedem que as pessoas fiquem obstruindo o trânsito no Batel?
    ---- O que vocês estão sugerindo? Que não fazemos fiscalização aqui porque não queremos ou não podemos?
    Não sugerimos nada. Não insinuamos nada. Apenas perguntamos.
    Para a "paz" na região, o "bobódromo" acabou com o tempo.... 
    Mas a avenida Batel ainda é palco (às vezes) de comemorações, principalmente de futebol, de Copa do Mundo. 
    No entanto, a última festa desse tipo ocorreu faz tempo, há exatos 20 anos. Foi em 2002 com a conquista do penta.