segunda-feira, 2 de maio de 2022

S.O.S. TRABALHADOR: JORNALISTA, SE AGARRE NO QUE APARECER E NÃO TENHA VERGONHA DE TRABALHAR

   


    Em época de mudanças de empregos e de cargos nas empresas de jornalismo, lembro que, há poucos meses, um colega disse sobre outro que aceitou trabalhar numa emissora que faz, digamos, uma comunicação "mais popular":
    "É, precisa saber como vai ser lá. O que ele vai poder dizer, que reportagem vai poder mostrar. Sabemos como é lá dentro e a 'orientação'. E quanto tempo vai durar o emprego?".
    Talvez esse colega não tenha reparado, mas as coisas mudaram. Em todas as empresas. E pra pior. 
    Não há mais um "porto seguro". Não existem mais "bons salários". Não há uma "linha editorial ética sem retoques". Não existe mais o orgulho de dizer que trabalha em tal lugar. Mesmo porque, na semana, ou no mês seguinte, esse(a) "colaborador(a)" pode ser mandado(a) embora. E não importa a competência nem a experiência.
    Empresas jornalísticas passaram a "agir" como bancos (no pior sentido trabalhista): O trabalhador atinge tantos anos de casa ou tanto de salário e é demitido. O que chegar antes: tempo de emprego ou salário "alto". Ou os dois. E é trocado por uma pessoa mais "barata".
    Também há quem comentou (também há não muito tempo): 
    "Profissional bom nunca fica desempregado!"
    Outro engano. Fica. Pode ser porque é considerado um "profissional caro" para o "mercado" que acha (o dito "mercado") que ele não vai topar trabalhar por menos. Também pesa o fato de oferecerem, às vezes, tão pouco de salário (o piso, que na verdade, é o teto...) que o jornalista não aceita. Ou porque não quer, ou porque aquilo não cobre o custo de vida dele. Aí vai fazer outra coisa na vida...
    Mas, quando um colega experiente, com credibilidade e competência, consegue uma "colocação no mercado", pode considerar uma "exceção". Mas uma exceção que precisa ser comemorada, festejada. 
    Porém, há os casos em que a vaidade fala mais alto. Principalmente pra quem está com a vida mais ou menos encaminhada. Lembro de outra história: Já há alguns anos, uma pessoa colega de profissão me confidenciou que ela teria "vergonha" de procurar outra empresa pra buscar nova colocação. Porque iria considerar a demissão como um "sinal de incompetência" dela. Essa pessoa disse que ficaria "constrangida" de aparecer no vídeo de uma concorrente considerada "menor".
    Pois bem. Um tempo depois da nossa conversa, a dita pessoa pediu demissão. Só que desapareceu. Desistiu do jornalismo.  E ela estava bem na empresa. Era "bem avaliada".
    Por ter tomado a iniciativa de sair, dá pra concluir que os boletos mensais não eram a preocupação dessa pessoa. 
    Agora, aqueles que recebem o temível "pontapé na bunda" e aceitam outro emprego em "firmas concorrentes" merecem respeito. Pode ser pra pagar contas, sustentar a família. Ou pra manter um projeto de vida. Um sonho profissional.
    E não há mais "bons empregadores" para se escolher. Pega o que tem para o dia. Porque amanhã pode não ter mais.