Ele já falou que isso era uma apenas uma demonstração de carinho e de amor pelas pessoas. José Alves de Moura, 83 anos, ganhou o apelido de Beijoqueiro a partir de 1980, quando, "desafiado" pelos amigos, driblou a segurança, subiu ao palco do Maracanã (lotado com 150 mil pessoas) e "tascou" um beijo na bochecha do cantor Frank Sinatra. Ganhou as manchetes nacionais. A partir daí, não parou mais.
Nascido em 2 de março de 1940, em Gondomar, Portugal, veio para o Brasil com 17 anos para "tentar a sorte". Foi morar no Rio de Janeiro, onde foi motorista de taxi, comerciante e empresário de futebol.
Narcisista? José Alves de Moura "desenvolveu o hábito" de beijar celebridades. Seria o desejo de também se tornar uma? Ganhar espaço na imprensa, numa época em que havia apenas jornal-rádio-TV? "De graça", ele não osculava as pessoas. Queria virar notícia.
E a lista de quem "seus lábios já tocaram" é enorme. Além do primeiro, Frank Sinatra, ainda tem, entre tantos e tantas: A começar por outra estrela internacional... Tony Bennett. Entre os políticos, os ex-presidentes João Figueiredo e Itamar Franco. Os cantores: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. As atrizes: Shirley MacLaine e Tônia Carrero. A ex-miss Marta Rocha. Entre os jogadores de futebol, uma seleção de craques: Pelé, Garrincha, Roberto Dinamite e Zico.
Se era fama que ele queria, conseguiu: Em 1992, participou de um dos programas dos "Trapalhões". Teve "participação especial" numa historinha do Zé Carioca (personagem criada por Walt Disney), publicada pela editora Abril em 1984: Perseguia Zé Carioca pra tentar beijá-lo. Também foi citado na música "Pega na Mentira", de Erasmo.
Só o que aconteceu na visita de um Papa já valeria um filme: Em 1980, João Paulo II veio ao Brasil. Sabendo das intenções do Beijoqueiro, a polícia do Rio de Janeiro o manteve preso (e pode?) até o Papa ir para o próximo destino (numa viagem por 7 cidades) que era São Paulo. Solto no Rio, foi para a capital paulista onde foi preso de novo. Ao ser liberado, ganhou (que legal!) da Polícia, uma passagem de volta ao Rio. Mas preferiu outro destino: Curitiba, onde é detido pela terceira vez (já podia pedir música no Fantástico, hein?!). Volta ao Rio de Janeiro, mas não desiste. Em praça pública, pede dinheiro ao povo (naquela época, óbvio, não existia PIX) e em 2 horas consegue a grana para a passagem pra capital do Amazonas, destino final da visita do Papa antes de deixar o Brasil. Em Manaus, finalmente (urra!!!), consegue se aproximar de João Paulo II e lhe dá 17 (!) beijos nos pés !!!
O que começou lá em 1980 como uma brincadeira, dando um beijinho em Frank Sinatra, virou coisa séria e até caso de Polícia. Pra contar essa historia, o cineasta/documentarista Carlos Nader começou a produzir um documentário em 1992, mas, quase 10 anos depois, não conseguiu concluir o projeto porque Jose Alves de Moura não foi encontrado. O filme teria até um nome curiosos: "Serial Kisser".
Apesar de tentar transmitir afeto em suas investidas tresloucadas, Moura levou algumas camaçadas de pau por forçar a barra pra chegar perto das celebridades. Além de preso, apanhou muito, também, de seguranças. Teve costelas e dentes quebrados e hematomas.
Depois de uma das prisões, ao ser solto, o juiz de plantão declarou: "Beijar não é crime. Quem dera se todos os delinquentes do Brasil trocassem suas armas por beijos".
Tudo começou com Frank Sinatra....
Com Itamar Franco...
Juliana Paes também ganhou um beijinho...
Com Roberto Dinamite...
E atrás das grades. Foram 47 detenções.
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