O general Augusto Heleno que teve alguns pitis durante o depoimento na CPMI do 8 de janeiro, ao contrário do xará dele, não nasceu em Troia, mas em Curitiba! Augusto Heleno Ribeiro Pereira, veio ao mundo em 29 de outubro de 1947.
Foi graduado aspirante a oficial de cavalaria, em 1969, pela Academia Militar das Agulhas Negras, como primeiro colocado da turma. Durante a ditadura militar, trabalhou como ajudante de ordens de Sylvio Frota e defendia a "linha dura" do Exército. Era de extrema direita, pois estava à direita da direita que governava. Tanto é que apoiou um movimento que tentava impedir o então presidente general Ernesto Geisel de começar o processo de democratização e de abertura econômica do país. Isso foi em 1977. E a história mostra que "o golpe dentro do golpe" não deu certo.
Mas a passagem mais polêmica na vida militar foi no Haiti. De junho de 2004 a setembro de 2005, foi o primeiro comandante fardado da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. Heleno teria liderado a operação "Punho de Ferro" na cidade de Porto Príncipe, com várias mortes. O general negou, de forma exaltada, na CPMI de 8 de janeiro, que tenha comandado uma matança num bairro pobre. Até ameaçou processar uma deputada caso ele "insistisse" no assunto, que ele considera uma mentira.
Com - ou sem - o comando do militar - fato é que uma investigação jornalística da agência Reuters apontou para um genocídio: Depois de entrevistas com diplomatas, autoridades locais, trabalhadores de ONGs e moradores do bairro, e de revisão de relatórios da ONU, essa agência de notícias concluiu que o número de mortes passou de 70 incluindo mulheres e crianças. O general voltou a dizer que isso "é um absurdo".
Na reserva desde 2011, esse curitibano de 75 anos continua defendendo o golpe de 1964 e a ditadura. Com o pensamento de que "livramos o Brasil de se tonar uma grande Cuba", foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bozo (PL).
Também tem desprezo pela imprensa: "O que a imprensa noticia normalmente não é a verdade."
Apesar de fazer esse tipo de afirmação, foi conselheiro e comentarista do Grupo Bandeirantes.
O xará do nosso general também teve uma vida bem movimentada: Na mitologia grega, Heleno foi filho do rei Priamo e da rainha Hécuba, de Troia. Ganhou de Apolo o dom da adivinhação. Previu que a viagem de Páris à Grécia seria fatídica. Não deu outra! Começou uma guerra. Depois da batalha - e com a morte de Páris - Heleno pediu a mão de Helena, que foi recusada em favor de Dêifobo.
"P. da Vida", se mandou para o Monte Ida, onde os gregos o capturaram e o torturaram. O homem apanhou até contar o que seria preciso para tomar Troia. Com as dicas de Heleno, conquistaram Troia com o famoso cavalo...
Dois Helenos. Um curitibano e um troiano. Em comum, o envolvimento com a vida militar, guerras e golpes.