segunda-feira, 18 de março de 2024

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO JORNALISMO

    


    O escritor Milan Kundera (1929-2023), autor de "A Insustentável Leveza do Ser" (1984) dá um "direto no queixo" daqueles que pensam que se consegue "viver com leveza". Kundera já afirma isso no título do livro. O "ser" (nós, humanos, seres racionais...uia!!!) quer, mas não consegue viver só na bolha da "leveza". Por isso a "insustentável".
    No Jornalismo, que é feito por humanos (oi?! onde?!), é a mesma coisa. Se você quiser levar o  noticiário só na leveza, no bom humor, não vai rolar... Óbvio que isso não é a defesa do "torceu sai sangue", do sensacionalismo. Mas daquilo que é o motivo do noticiário existir: Dar notícia que seja relevante na vida das pessoas. O jornalista pode achar "chato" falar de economia, política, educação, ciência... Mas são fatos que mexem com a vida de todo mundo.
    A "qualidade" da apresentação da notícia também assusta. A língua portuguesa é "espancada" quase que diariamente. Falta conhecimento e cultura para os "profissionais".
    Erros de concordância que "saltam" da tela de manhã, de tarde e de noite. Aquelas "tarjas" que aparecem na telinha são a "prova do crime" contra a língua de Camões e de Pessoa...
    Mas quem está preocupado com isso? Pelo jeito nem que "executa" o texto, nem quem manda o editor bagrinho escrever. A chefia é omissa ou tão burra quanto o "estagiário" que ganha o piso do sindicato.
   O que também já virou motivo de "discussão" até em redes sociais foi o "conteúdo" da nossa imprensa. Perde-se muito tempo, tenta-se "amarrar" a audiência com futilidades. É a "curiosidade", é o "engraçado" que ganha cada vez mais espaço.
    Virou o "jornallismo Tiktok" de vídeos curtos "engraçadões". "Ei, você aí, mande um vídeo pra gente!"
    O profissionalismo cedendo espaço para o amadorismo. Já se investiu (verbo no passado, claro!) tanto dinheiro na melhoria das condições técnicas para gravação, edição e transmissão, e agora uma "imagem tiktok" tem preferência.
    E pra fechar, uma frase de outro escritor. Raymond Chandler:
    “Não se pode esperar qualidade de pessoas cujas vidas são uma sujeição à falta de qualidade."