O ministro do STF, Gilmar Mendes, detonou: "Os crimes cometidos pelo ex-juiz Sergio Moro (senador, União Brasil/PR) e pelo deputado federal cassado Deltan Dallagnol, na condução da Lava Jato, tiveram punição leve". Ele disse isso em entrevista ao jornal Valor. Veja alguns trechos.
Valor: Dallagnol teve o mandato cassado e Moro está sob risco de ter o mesmo destino. Muitos veem exagero. Qual a sua opinião?
Gilmar: Acho que as punições são leves para os crimes que eles cometeram. E ainda faltam alguns personagens aí. Um grande responsável, seja por ação ou por omissão, é o Janot, que tem passado incólume". [ Rodrigo Janot é ex-procurador-geral da República].
Sobre Janot, Gilmar disse que ele tentou emplacar "narrativas fantasiosas" durante a Lava Jato.
Valor: Em 2021, o senhor disse que a Lava-Jato foi o maior escândalo da história do Judiciário brasileiro. Continua com essa opinião?
Gilmar: Sem dúvida. Quando você vê gente do DoJ [Departamento de Justiça dos Estados Unidos] mandando provas diretamente para cá, oferecendo serviços Além do mais, todo mundo se animou a ganhar dinheiro nesse processo. Criou-se aquela fundação do Dallagnol. Uma promiscuidade. Estamos aguardando o relatório da corregedoria-geral de Justiça no processo de correição realizado na 13ª Vara Federal de Curitiba. São bilhões repassados a destinos não identificados.
Valor: Depois de tudo, o senhor se arrepende da decisão que proibiu o Lula de tomar posse como ministro da Casa Civil do segundo governo Dilma, em 2016?
Gilmar: Naquelas circunstâncias, não me arrependo. Aquela coisa de levar o termo de posse para usar em caso de necessidade parecia estranha. Tudo soava estranho. Havia uma sugestão de desvio de finalidade. Hoje, alguém diria que era só mais um desajeitamento da Dilma. Hoje, sabedor de todas essas circunstâncias, obviamente não haveria espaço para uma decisão assim.