Lula (PT) sempre defendeu que os juros devem ser baixos (qual seria o "piso", já que o "teto" parece ser o céu?) para movimentar a economia, aumentar a produção industrial e gerar mais empregos.
Em julho, o presidente bateu pesado no presidente do Banco Central, Campos Neto (indicado pelo Bozo, do PL) porque a taxa elevada inibiria o desenvolvimento econômico:
"Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está".
Beleza, o governo do Partido dos Trabalhadores sinalizou que "juros altos prejudicam o país". Verdade. Só ver que as maiores economias do mundo têm taxas baixas. Mas em agosto, o presidente da República afirmou que "não tem problema" Gabriel Galípolo - indicado por ele para suceder Campos Neto a partir de janeiro - falar em ... aumento de juros!
Mais: Que Galípolo - que ainda precisa ser sabatinado pelo Senado - é "uma pessoa competentíssima, um brasileiro que gosta do Brasil". Agora veja que, no comunicado do Banco Central para o aumento da taxa, foi dito que a decisão foi unânime, ou seja, toda a diretoria aprovou, inclusive Galípolo, atual diretor de política monetária do BC, e mais três diretores também indicados por Lula.
O que será que aconteceu? O futuro presidente do Banco "traiu" Lula? Ou comunicou o presidente da República, que "aceitou" a decisão? A gente sabe que um presidente da República não pode impedir a elevação porque a diretoria do BC é independente... Mas pode "sugerir" que a taxa aumente ou baixe...
Sabe-se, por enquanto, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não ficou surpreso com a medida. A taxa foi elevada para 10,75%. É a primeira alta no governo Lula e também a primeira desde agosto de 2022.
A justificativa principal: Conter a inflação porque a economia está mais aquecida do que o esperado.
Mas é - ou não é - isso que o governo federal quer? Pé no acelerador para deslanchar o desenvolvimento e melhorar as condições de vida dos mais pobres?
Ou é pé no freio pra segurar o crescimento aumentando juros e inibindo os investimentos?
Juros cada vez mais altos só agradam os rentistas, aqueles que vivem de rendimentos bancários sem gastar nada com a produção de bens ou de mercadorias.
Lula tem que decidir o que quer. Um pé em cada canoa não dá!