Falemos, minhas queridas e meus queridos, sobre o ofício da verdade verdadeira do jornalismo. O bafão da semana foi a demissão da Daniela Lima, da Globonews. A emissora paga, via tv a cabo, da família Marinho, alegou "renovação" no canal. Mas como "renovação" se a jornalista estava só há 2 anos no emprego?
O que veio dar na praia: Que o Grupo Globo encomendou uma pesquisa à Quaest que apontou... "A Globonews é de esquerda!" Oi?! Não sei de onde os bozonaristas tiraram essa ideia que vêm espalhando desde que o mito deles era presidente.
Vamos ser justos: A Globo não é de esquerda! Não digam isso! Porque, historicamente, ela é de direita. As Organizações Globo (hoje Grupo Globo) sempre estiveram no lado destro dos acontecimentos. Exemplos:
--- Apoiou o golpe de 1964.
--- Na década de 1960, era contra o décimo terceiro para os trabalhadores. O jornal O Globo veio com a manchete (em letras garrafais...): "Considerado Desastroso para o País um 13º Mês de Salário".
--- Fez o que pôde para esconder a campanha das Diretas Já.
--- Fez, na televisão, uma edição que, digamos, favoreceu Collor no debate com o Lula.
--- Na Lava-Jato eram cenários com "propinoduto", vts com 5 minutos de pau no Lula e notinha de 10 segundos do advogado dele.
--- No segundo turno de 2018, Haddad se comprometeu a ir ao debate. Bozo fugiu. O que deveria ter sido feito? Só com um candidato, uma entrevista de 30 minutos com ele. Como é a praxe. A emissora simplesmente se fingiu de morta e ignorou esse "detalhe"...
Depois de um pouco de história, de todo esse contexto, voltamos ao caso Daniela Lima. Como escreveu o experiente jornalista Alex Solnik, "jornalistas não são artistas" para receber esse tipo de avaliação numa pesquisa. Ou seja, o profissional de imprensa não desempenha um "papel" para alguém dizer se ele faz isso bem ou mal. O trabalho dele é informar e dar opinião. A pessoa pode gostar - ou não - mas é a opinião do comentarista.
Solnik vai além: "É uma total falta de ética contratar um instituto de pesquisa para perguntar aos assinantes como eles avaliam seus comentaristas e apresentadores".
E é totalmente fora de propósito mandar embora alguém sob a alegação de que o público (que público? quantas pessoas? quais os percentuais de respostas?) "não gosta" de determinado jornalista.
Dar opinião é justamente isso. É explicar um fato. Não é agradar esquerda, direita, centrão ou extremos. Se a explicação desagrada alguém (ou "alguéns") sinto muito...
Pelo o que se diz na mídia, Daniela era vista como "muito" progressista no canal. Com uma nova eleição presidencial se aproximando, a emissora quer se voltar (ainda mais!) para a direita, para o conservadorismo. Olha, competir com a Jovem Clã não é fácil, hein?!
Me faz lembrar uma frase atribuída a algumas pessoas. Uns a atribuem ao jornalista Rodolfo Fernandes (1962-2011), que morreu com apenas 49 anos, e foi diretor de Redação do jornal O Globo. Outros ao também jornalista e escritor Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). É uma citação irônica que se refere aos pensamentos, "princípios" dos patrões que os empregados devem seguir:
"Vou ler o jornal para saber o que estou pensando hoje".
Mandar um jornalista embora porque ele tem opinião (equilibrada, razoável, legal...) é injusto.