sexta-feira, 25 de setembro de 2020

"O DIABO DE CADA DIA": CRESCER, REZAR, MATAR

  

HOLLAND E PATTISON: EM NOME DO PAI SE COMETEM ATROCIDADES


      Perturbador, violento, brutal. Três definições de espectadores. Outras: Ótimo, melhor filme de 2020, atuações excelentes. "O Diabo de Cada Dia" é um pouco de tudo isso. Dirigido por Antonio Campos, a produção tem um jeitão de Quentin Tarantino. Campos, de 37 anos, filho do jornalista Lucas Mendes, deve ser um admirador do trabalho do diretor de "Pulp Fiction".
    Dá pra dizer que "O Diabo", na verdade, poderia se chamar "O Diabo de Cada Um". É o lado sombrio da mente de muita gente. São personalidades forjadas com o trauma do pós-Segunda Guerra. Misture a isso, um povo extremamente religioso, conservador e ainda um pastor picareta que agita e engana o povo de fé.
    O filme mostra que o fanatismo pode levar à violência: Ou física ou psicológica. Ou as duas. O longa, bem longo, com 2h18min é dividido em "capítulos" contando a brutalidade de cada um. As histórias acabam se cruzando.
    Tom Holland ( o homem-aranha, lembra dele?), é o filho de um ex-combatente e principal personagem; Bill Skarsgad é o ex-soldado e pai do rapaz. Robert Pattinson (tão bem aqui quanto em "O Farol"), é o pastor malaco, e Jason Clarke faz um assassino em série que se esconde por trás de uma câmera fotográfica.
    O thriller apresenta vários personagens. Mesmo em quase duas horas e meia de filme, não consegue se aprofundar muito no perfil de cada um. A vida vai meio que passando rapidamente. Talvez no livro (no qual o filme foi baseado) a história flua melhor, com detalhes. Aqui é na base do "sou fulano e vou matar ciclano por tal motivo".
    Claro que isso não é um problema sério. Longe disso. Apesar da violência "meio que se repetir", é uma ótima produção. Quem sabe o melhor filme de 2020.