Sean Connery foi um dos maiores atores do cinema. Não resta dúvida. Mereceu todas as homenagens quando morreu nesse sábado, 31 de outubro. O intérprete do mais famoso espião da telona, no entanto, leva consigo uma marca: Assim como o personagem James Bond, Connery também tinha seus, digamos, "arroubos" machistas.
Nos anos 60, quando os filmes de Bond "bombavam" (um atrás do outro), Connery se saiu com essa pra justificar a violência contra as mulheres:
"Se você está discutindo com uma mulher e ela insiste em dar a última palavra, dependendo da circustância...um tapa com a mão aberta é justificado se todas as outras alternativas falharem."
Vinte anos depois, em entrevista à jornalista americana Bárbara Walters, voltou a tocar no tema. Perguntado sobre essa fala da década de 60, se saiu com essa:
"Eu não mudei de opinião. Não acho que seja bom, não acho que seja tão ruim. Acho que depende das circunstâncias e se ela merece".
Por fim, já na década de 2000, ele se recusou a participar de um festival político em Edimburgo porque seria "questionado ao vivo" sobre isso. Não foi, mas os amigos do ator divulgaram uma declaração que atribuíram a ele:
"Não acredito que qualquer nível de abuso de mulheres seja justificado sob quaisquer circunstâncias".
Já velho, Connery parece ter tentando dar uma "limpada" na imagem dele. Nunca é tarde pra se fazer "revisões", trocar de opinião. Reconhecer erros... Mas, por longos anos, fica a impressão que ele misturou muito a vida pessoal com o comportamento do personagem.
Bond sempre foi um cara que tratava as mulheres como "objeto"; que as usava apenas como instrumento para chegar aos "vilões" das histórias; e não demonstrava qualquer problema se a referida "Bond Girl" fosse morta nesse meio do caminho. Pra ele, "tragédias" desse tipo faziam parte do negócio.
Quando Daniel Craig cedeu seu corpo e mente para que James Bond "incorporasse", a partir de 2006, o disco virou. O ator já chegou afirmando que a personalidade do herói é misógina e machista; que o agente secreto é um "lobo solitário".
Craig também disse que "o mundo mudou. Não sou essa pessoa. Quero imprimir mais humanidade, mais sentimento ao personagem. Também defendo que grandes atrizes tenham papel de destaque com personagens relevantes à trama".
Esses "rompantes" machistas tornam Sean Connnery um "ator menor"? De jeito nenhum! O que fica é a reflexão. Bora Pensar! Se 007 tinha "licença para matar", Connery não tinha "licença" para estapear mulheres.