segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

O MENINO DO TAMBOR

     


    Quem tem pelo menos um pouco de empatia, humanismo, solidariedade, ficou chocado com a notícia do menino acorrentado - durante um mês - a um tambor de tinta em Campinas, São Paulo. Essa tortura, inacreditavelmente, era praticada pelo pai e pela madrasta do garoto.
    A cada dia tem surgido novidades sobre o caso revelado há uma semana. Quem libertou a criança foi um vizinho que escutou os gritos de socorro. A história do menino já é triste. A mãe biológica era viciada em drogas e abandonou a família.  O pai casou de novo e - junto com a nova mulher - praticaram esse violência.
    Ao serem presos, declararam que prendiam o filho "porque ele não se comportava direito". Coisa se gente extremamente violenta e doente da cabeça. Só pode ser.
    O garoto estava subnutrido e foi levado para um hospital onde foi medicado, alimentado e, agora, vai ser decidido o futuro dele pelo Conselho Tutelar.
    Você veja que coisa, amigo/amiga leito(a): A madrasta cuidava de cachorros abandonados - recebia dinheiro para isso. Ao mesmo tempo, dava uma vida de cão ao enteado. Tratava melhor cães do que a criança.
    De acordo com um médico psiquiatra, essa pequena vítima vai precisar de acompanhamento psicológico e psiquiátrico por boa parte da vida.
    O Brasil e o mundo estão cheios de histórias absurdas. A prova de que a humanidade não deu certo.
    São as misérias dos seres humanos: econômicas e de comportamento.
    Por falar em mazelas sociais, criança e tambor (mas em outro sentido), impossível não lembrar do livro "O Tambor", do escritor alemão Gunter Grass. A obra lançada em 1959, é uma crítica social numa história fantástica do menino Oskar, que aos 3 anos, "se recusa" a crescer (porque sofreu, também, um trauma)  e vive muitos anos na infância. 
    Ao tocar o tambor, Oskar tem lembranças dele, da família e do país mergulhado num universo grotesco pós-Segunda Guerra, pós-Nazismo.
    São tambores completamente diferentes. São crianças completamente diferentes. O que têm em comum são infâncias de muito sofrimento.