Num mundo ideal, sem pandemia, qual seria a cidade mais romântica para se viver um grande amor? OK, 99,99% das pessoas responderão... Paris! Argumentos, claro, não faltam. Mas um dos mais premiados diretores do cinema, David Lean, escolheu outro belíssimo lugar: Veneza!
Esse é o ponto de partida de "Quando Floresce o Coração" (o título em português não ajuda muito, o original é "Summertime"), mas o roteiro é interessante: Solteirona americana convicta escolhe Veneza para passar as férias de verão. Na praça de São Marcos, em meio a uma esquadrilha de pombos, se apaixona por um italiano local.
Katharine Hepburn - que mais ganhou Oscar de Melhor Atriz, 4, e recebeu 12 indicações da Academia de Hollywood - interpreta Jane Hudson que se apaixona por Renato Rossi, interpretado pelo galã Rossano Brazzi. Entre beijos, abraços, "expressos" e "cappuccinos", uma cena causou um problema de saúde para Katharine: A personagem dá um passo para trás e literalmente cai dentro de um dos canais de Veneza. O "mergulho" deixou a atriz com uma infecção em um dos olhos pelo resto da vida.
A produção é de 1955 e Lean usou a beleza da cidade como um cenário deslumbrante para a "storia d'amore". Depois de 10 anos filmando só em preto em branco (por uma escolha estética, já que há registro desde o fim da década de 30 dos primeiros filmes comerciais coloridos), o diretor tomou a melhor decisão: apostou na "explosão" de cores em "Quando Floresce".
Esse não é considerado um dos melhores trabalhos de David Lean. Mas... o diretor o considerava o seu filme favorito. E com certeza é um dos mais bonito que ele fez. Há quem diga que é a produção que melhor retrata o "esplendor" de Veneza.
O diretor comandou alguns dos filmes mais importantes da história da sétima arte. De acordo com a MPAA (Motion Picture Association of America), Lean tem 2 filmes entre os 5 melhores já produzidos no Reino Unido: "Doutor Jivago" e "Lawrence da Arábia". Eu ainda acharia, aí, lugar para mais um: "A Ponte do Rio Kwai".
David Lean foi 7 vezes indicado e recebeu 2 Oscar de Melhor Diretor: "A Ponte do Rio Kwai" (1958) e "Lawrence da Arábia" (1963).