sábado, 10 de abril de 2021

EM ROMA, UM PAPA DECRETOU LOCKDOWN PARA SALVAR A POPULAÇÃO DA PESTE NO SÉCULO 17

   


     Metade da população da Europa foi dizimada no século 17 por diversas ondas da peste. É o que calculam os cientistas. Especificamente na Itália, um dos países mais atingidos, entre 1656 e 1657 (ou seja, num intervalo de apenas um ano), a doença matou 60% dos habitantes de Gênova, 55% da população da Sardenha e 50% dos moradores de Nápoles. Em Roma, estudos indicam a morte de um pouco menos de 8% dos que habitavam a cidade.
    Na época,  o Papa era Alexandre 7º. E os poderes políticos do comandante da igreja católica naquele tempo eram bem maiores. Se hoje ele dirige "só" o Vaticano, Alexandre era responsável por Roma e arredores e quase todo o centro da Itália. Eram os chamados "Estados Pontifícios".
    E pra enfrentar a epidemia de peste, o Papa colocou em prática medidas consideradas radicais (mesmo hoje): Lockdown (com proibição rigorosa de circulação de pessoas); auxilio emergencial (sim! já havia naquela época...); rastreamento de casos; fechamento de igrejas, tempos e de fronteiras. Isso, há quase 400 anos!
    Os resultados foram muito bons. Mas, para isso, decisões foram tomadas desde que surgiram as primeiras notícias da peste. Alexandre 7º alertou a Congregação da Saúde (criada por ele) para o perigo que se aproximava. A partir de então, as medidas de contenção foram sendo implantadas.
    Em Roma, as providências foram radicais: Quase todos os portões da cidade foram fechados. Os poucos que ficaram abertos eram protegidos 24 horas por dia por soldados, e um nobre e um cardeal supervisionavam esse trabalho de contenção de pessoas. Qualquer entrada na cidade tinha de ser justificada e registrada.
    A medida que surgiam casos da doença nos Estados Pontifícios, as regras iam endurecendo. Chegou ao ponto em que foram proibidas missas. Os cultos deveriam ser realizados em casa. O Papa também determinou que o jejum fosse suspenso para que as pessoas tivessem mais resistência em caso de infecção.
    Especificamente na Igreja, ele separou médicos e padres em dois grupos: Os que teriam contato com os infectados e aqueles que não teriam, esses para cuidar do restante da população.
    E há quase 4 séculos, Alexandre 7º já tinha uma preocupação: Ajuda financeira às pessoas que não podiam sair de casa, sendo que algumas passaram a receber até comida pela janela.
    É, mas naquela época (deve ter sido assim em toda a história da humanidade...) já existiam os negacionistas. Muitos disseram que o Papa havia "inventado" a doença para "ganhar popularidade". Eles achavam que Alexandre 7º iria, também, "alarmar" a população. 
    O comandante da igreja católica, no entanto, foi firme em suas convicções até vencer a doença.
    Em agosto de 1657, a peste foi derrotada. 
    Para celebrar o fim da epidemia, Alexandre 7º mandou construir o conjunto de colunas que se destacam na praça do Vaticano.
    O italiano Fábio Chigi, o Papa Alexandre 7º, viveu de 1599 a 1667. Enfrentou a peste e os negacionistas com fundamentos científicos e uma boa visão de administração pública. Teve formação para isso: Intelectual, era doutor em Filosofia, Teologia e Direito. Tinha grande interesse em arquitetura e arte.
    
    (Com informações da BBC News Brasil)