sábado, 30 de outubro de 2021

"CLÁSSICO É CLÁSSICO": MASTROIANNI É "O ESTRANGEIRO" DE ALBERT CAMUS

     


    O fato de um filho ser renegado pelo pai não significa que seja um filho ruim. É o caso do filme "O Estrangeiro" baseado no livro homônimo do filósofo argelino Albert Camus. Aqui, no caso, o "pai" é um dos maiores diretores do cinema, o italiano Luchino Visconti. Diz a lenda que Visconti, diretor de várias outras obras importantes, o considerava "um filme menor".
    Esse deve ser um dos motivos para exibidores, críticos e público deixarem o filme (produzido em 1967) empoeirando em uma prateleira qualquer da história. Mas há bons motivos para resgatar (e não renegar) esse longa. Primeiro pelo tema: "O Estrangeiro" trata da vida de Meursault (Marcello Matroianni) um argelino que vive naquela época de tensão politica entre Argélia e França. A Argélia era colônia dos franceses. O personagem é o tema central do livro de Camus: Por toda indiferença com que encara a vida (e os perrengues que enfrenta como a morte da mãe, o assassinato de um árabe...) faz com que ele seja "o estrangeiro". Mas não seria estrangeiro no seu país colonizado nem na França. Seria "estrangeiro" na própria vida.
    Não é, obviamente, um filme para o "espectador médio". Apesar de tanto sol, calor africano e litros e litros de suor que Visconti derramou sobre os atores, não dá pra esperar um "épico" do tipo "Lawrence da Arábia", nem amor & guerra a la "Casablanca". É um ritmo "contido", com enquadramentos tradicionais. Mas não deixa de ser uma obra admirável. E com uma grande interpretação de Mastroianni.
    "O Estrangeiro" pode ser assistido de graça no YouTube. Com som original e legendado. A película foi restaurada.