segunda-feira, 11 de outubro de 2021

JORNALISTA JAIRO NASCIMENTO FALA SOBRE OS NEGROS NO JORNALISMO

   


    Na rede social, o jornalista Jairo Nascimento escreveu, nesse domingo,10,  sobre a trajetória dele no jornalismo e a realização de um sonho de apresentar um telejornal em uma grande emissora do país. Também lembrou do preconceito racial que existe em qualquer atividade no Brasil. 
    Jairo é filho do goleiro Jairo (o "Jairão da Camisa 46", como era chamado pela torcida do Coritiba). Jairo fez história no futebol: É o goleiro que mais vestiu a camisa do Coxa e é o recordista do clube sem sofrer gols: 933 minutos em 1973.
    Leia o relato do jornalista:

   Hoje eu tive um dos momentos mais importantes de toda minha vida profissional. Pela primeira vez, um jornal da @cnnbrasil contou com a bancada, análise e reportagem com jornalistas negros. Tive a alegria da parceria da @lubarretooficial , @omathmeirelles e do @leandro.resende mais uma baita equipe. Para uns, a ideia de representatividade é "mimimi", chato, desnecessário, mas realmente entende quem sente os efeitos do racismo estrutural e histórico no Brasil. Falar, expor e combater tal mal é sempre necessário. Sempre. Por isso, pra mim, essa foto tem o peso de um símbolo da luta pela quebra de um status que os meus antepassados sofreram. Há quem sempre duvide do meu potencial como jornalista, meu pai foi questionado por ser um goleiro negro (algo que muitos racistas acham inadmissível), meu avô por ser músico, e o avô dele mal pode isso, pois nasceu com peso do fim do sistema escravocrata e, o meu bisa, sem liberdade. Para meu filho, quero que ele possa ser o que melhor deseja. E que possa ser ótimo nisso!

Há alguns anos eu pensei, pensei e quase desisti do jornalismo. Meu sonho era apresentar jornal em uma grande TV em São Paulo. Tive boas oportunidades, trabalhei muito, mas não conseguia. Pensei muito nisso hoje. Me vi no meio desse acontecimento, conversando com amigos e colegas que fazem um trabalho incrível. Mais que ficar feliz por isso, não posso deixar de lembrar o quanto outros irmãos pretos e pardos, a maioria do país, são impostos a condições lamentáveis por sua cor de pele e sem possibilidade alguma de mostrarem o próprio talento. A vcs, meu respeito. Vamos lutar e trabalhar para que as cenas, como as de hoje, sejam cada vez mais rotina. E, se depender da gente, será.