quinta-feira, 3 de março de 2022

O PRIMEIRO FELLINI A GENTE NUNCA ESQUECE

   


     Nem mesmo o mestre Federico Fellini estaria imune a isso. Aos 30 anos, dirigiu o primeiro filme da vida dele: "Mulheres e Luzes" ("Luci del Varietá"), em 1950. Para essa empreitada, contou com a parceria de um diretor que já era experiente: Alberto Lattuada. Mas, naquela época, quem era Fellini na "linea del pane?" 
    Com distribuição de poucas cópias e críticas azedas, a primeira investida dele como diretor na telona foi um desastre. A produtora que criou com Lattuada quebrou e eles ficaram com dívidas por 10 anos...
    Ainda bem que Federico era o tipo de pessoa que não desiste no primeiro fracasso. Se isso tivesse acontecido, não conheceríamos várias obras que foram importantes para a história do cinema mundial.
    "Mulheres e Luzes" é a história de um trupe de artistas que percorre a Itália com espetáculos mambembes. O diretor da trupe (Peppino del Felippo) se apaixona por uma bela e sedutora candidata a dançarina (Carla del Poggio) que ele conhece  numa viagem de trem. 
    O diretor e a moça decidem fundar uma companhia. O problema é que ele quer uma turma apenas de artistas saltimbancos e ela sonha com Paris, com o showbusiness. Quem também está no elenco é Giulietta Masina, mulher de Fellini desde 1943. Esse foi o terceiro filme em que ela atuou. Masina faz Melina, que é apaixonada pelo diretor da trupe, mas que fica "p. da vida" quando ele "arrasta a asinha" para a dançarina bonitona.
    O filme classificado como comédia tem uma curiosidade que envolve o Brasil: a atriz brasileira Vanja Orico (1931-2015) faz o papel de uma "cigana brasileira" e canta (tocando violão), numa escada, "Meu Limão, Meu Limoeiro", composta na década de 30 por José Carlos Burle. Ele foi um dos donos da Atlântida Cinematográfica, uma das maiores companhias de cinema do Brasil.
    Para Fellini era importante retratar as dificuldades, a pobreza do povo italiano depois da Segunda Guerra Mundial. Mas fez isso usando a arte, o cinema. Através de uma homenagem lembrando dos artistas circenses, os saltimbancos. O personagem bufão, aquele que se comporta de um jeito cômico, ridículo e que não vê seriedade nas relações humanas.
    Olha, "Mulheres e Luzes" é um filme muito bom. Não merecia as "ripadas" que tomou dos críticos naquela época. 
    Já disse uma vez, Federico Fellini:
    "O cinema é um modo divino de contar a vida".

    Importante: O filme está disponível, de graça, no Youtube. Com som original e legendas.
    


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