segunda-feira, 31 de julho de 2023

"A COLINA DOS HOMENS PERDIDOS": SEAN CONNERY NO FILME QUE CONSIDERAVA O MELHOR DA VIDA DELE

    


    Uma obra-prima. Simples assim dá pra definir "A Colina dos Homens Perdidos" ("The Hill", ING, 1965). Mas e como foi produzido esse filmaço? Primeiro porque ele juntou o diretor Sidney Lumet com o astro que começava a brilhar (ainda na pele de James Bond), Sean Connery. Ele já havia feito 3 filmes do 007 e naquele ano ainda faria mais um. 
    A escolha da fotografia em preto e branco junto com muitas cenas na cela apertada deram aquele ar claustrofóbico de violência física e, também - e principalmente - psicológica. A história se passa na Segunda Guerra Mundial. No deserto da Líbia, o exército inglês mantém um quartel para onde manda todos aqueles seus soldados que considera "trastes", "lixos humanos". Caras que brigaram entre si, que brigaram ou bateram em superiores, que roubaram, que fizeram arruaças dentro do "ambiente militar". 
    Esses elementos ficam lá pra receberem um "corretivo" antes de serem mandados pra casa. Entenda-se: expulsos das forças armadas de sua realeza. 
    Um dia chegam 5 novos presos: Joe Roberts (Connery); Monty Bartlett (Roy Kinnear), um soldado obeso; George Stevens (Alfred Lynch) que parece ser homossexual; Jock McGrath (Jack Watson) o brigão do grupo; e Jacko King (Ossie Davis), o negro da turma.
    As tensões giram em torno da opressão de quem tem poder; da luta de classes; e do preconceito racial. Numa cena, o personagem de Connery diz para o personagem de Davis: "De nós cinco, o comandante só vai ser violento comigo e com você. Eu porque já bati num oficial e você porque é negro".
    E é importante destacar uma sequência de Ossie Davis depois que o personagem dele sofre todo tipo de ofensa racial. Surtado, ele se recusa a vestir a roupa militar, não reconhece a autoridade do comandante do campo (sim! aquilo estava mais para um campo de concentração...) e afirma que vai abandonar o exército. Atuação dramática comparável a de Connery. 
    Do "lado mal" estão um comandante sempre ausente (sem nome...); o major Bert Wilson (Harry Andrews) que é quem manda no pedaço; e o sargento sádico Williams (Ian Hendry). Esse com forte influência sobre as decisões do Major. Em alguns momentos é ele quem diz o que deve ser feito com os presos. Quem dá o "ok" para que os detentos fiquem no lugar e possam ser submetidos aos exercícios torturantes, é o médico (personagem também sem nome) vivido por Michael Redgrave, pai da atriz Vanessa Redgrave,
    Por que o filme se chama "A Colina"? Porque uma colina  foi construída no meio do pátio do quartel. A maior "diversão" dos sádicos é punir os presos mandando eles subirem e descerem correndo a colina carregando equipamentos pesados. Isso sob um sol terrível e um areião que torra qualquer um. Numa tomada aérea, logo no começo, dá pra se ter uma ideia do que "espera" os "escaladores" do lugar. 
    "A Colina" era o filme preferido de Sean Connnery. Ele dizia que era a sua melhor intepretação. Muita gente pode achar que era a franquia 007. Mas não. O ator acabou cansando de James Bond. Apenas atuou (de forma profissional, claro!) mas apenas pra "cumprir tabela" ou cumprir o contrato. 
    O melhor amigo de Sean Connery, o ex-corredor e tricampeão de Fórmula 1, o também escocês Jackie Stewart, contou que uma das últimas vezes em que o encontrou foi pouco tempo antes de o ator morrer em 2020. Ele foi à casa de Connery nas Bahamas. Chegando lá, o astro (que já estava com Alzheimer em estágio avançado) o convidou a assistir ao filme "A Colina dos Homens Perdidos". 
    Filme assistido, foram dormir. Na manhã seguinte, o ator o encontra na sala e diz:
    "Você aqui! Vamos assistir 'A Colina'". Stewart guardou com carinho essa lembrança. E afirmou:
    "Ele amava aquele filme. Vimos duas vezes e nas duas ele ficou emocionado".

* O filme está disponível no canal Looke do Now.