domingo, 17 de agosto de 2025

BUKOWSKI, PARABÉNS! SE VIVO FOSSE, O "VELHO SAFADO" ESTARIA COMPLETANDO 105 ANOS... DIFÍCIL!

   

     Se existe alguém que pode ser chamado de "poeta marginal", "maldito", nesse planeta, esse alguém se chama Henrich Karl Bukowski, Charles Bukowski para os íntimos (parentes, amigos, leitores e críticos). Ele não fez somente o "tipo" marginal. Realmente viveu à margem da sociedade. Nas páginas de muitos livros, registrou essa experiência em poemas, contos e romances. 
    Nascido em 16 de agosto de 1920, em Andernach, Alemanha, aos 5 anos mudou com os pais para Los Angeles. A cidade americana, onde passou boa parte da vida,  foi cenário de muitas de suas histórias. Algumas delas vividas por Henry Chinaski, o alter ego do escritor. 
    Com estilo cru, cruel, com uma sinceridade radical, críticas à social, à alienação, ao vazio existencial, mostrava o lado desumano dos seres humanos. Bukowski escrevia sobre isso com "lugar de escrita", porque ele viveu tudo isso. 
    Na infância, com um pai autoritário e violento, sofreu abusos físicos e psicológicos. A mãe era submissa. Quando tinha 19 anos, teve aulas, na Los Angeles City College, de jornalismo, arte e literatura. Estudos que ajudaram a definir, em parte, suas atividades: seja retratando a sociedade, escrevendo romances e até pintando quadros. Sim, o Bukowski pintor também existiu!
    Ganhou do pai uma máquina de escrever, mas por causa do que escrevia, foi expulso de casa pelo velho conservador. 
    Com muitas dificuldades financeiras, viveu (literalmente) à margem da sociedade. Morou em pocilgas, pensões. Teve subempregos e empregos temporários (faxineiro, frentista, carteiro e motorista de caminhão, entre outros). 
    Passou a beber muito e a escrever mais ainda. Entre suas influências estão Dostoiévski, Henry Miller e Ernest Hemingway (com quem aprendeu o jeito simples de escrever e frases curtas). 
    Entre os principais temas da obra de Bukowski estão:
    Rebeldia contra o trabalho mecânico e o sistema.
    Alcoolismo como modo de vida pra se anestesiar da realidade.
    Sexo e amor sem idealizações.
    Solidão e miséria tratadas com ironia.
    Pela vida (que  com certeza não pediu a Deus...) criou um estilo próprio de escrita. Em meio a porres homéricos também filosofava. Acreditava que a vida não tem um propósito definido, mas que a arte e a escrita podem ajudar a dar algum sentido à existência.
    Em 9 de março de 1994, o "Velho Safado" ("Dirty Old Man") bateu na porta do céu pra pedir máquina de escrever e papéis emprestados a São Pedro. Na sua lápide está escrito apenas "Don't Try" ("Não Tente"), que é parte de uma frase lema do escritor: "Não Tente. Viva".
    Com esse jeito direto e sincerão, jamais seria aceito num grupo de escritores limpinhos, cheirosinhos,  amiguinhos, certinhos, organizadinhos, que seguem a cartilha da "boa sociedade", ou seja, não aceitaria fazer parte de alguma academia de letras.
     Um dos biógrafos de Charles Bukowski, Jim Christy, escreveu que, apesar dos estilos serem parecidos, o escritor não fez parte da chamada "Geração Beat".  Para Christy, a principal diferença é que o "Velho Safado" era engraçado...
    Era o jeito de ser e de viver de Bukowski!