Se existe alguém que pode ser chamado de "poeta marginal", "maldito", nesse planeta, esse alguém se chama Henrich Karl Bukowski, Charles Bukowski para os íntimos (parentes, amigos, leitores e críticos). Ele não fez somente o "tipo" marginal. Realmente viveu à margem da sociedade. Nas páginas de muitos livros, registrou essa experiência em poemas, contos e romances.
Nascido em 16 de agosto de 1920, em Andernach, Alemanha, aos 5 anos mudou com os pais para Los Angeles. A cidade americana, onde passou boa parte da vida, foi cenário de muitas de suas histórias. Algumas delas vividas por Henry Chinaski, o alter ego do escritor.
Com estilo cru, cruel, com uma sinceridade radical, críticas à social, à alienação, ao vazio existencial, mostrava o lado desumano dos seres humanos. Bukowski escrevia sobre isso com "lugar de escrita", porque ele viveu tudo isso.
Na infância, com um pai autoritário e violento, sofreu abusos físicos e psicológicos. A mãe era submissa. Quando tinha 19 anos, teve aulas, na Los Angeles City College, de jornalismo, arte e literatura. Estudos que ajudaram a definir, em parte, suas atividades: seja retratando a sociedade, escrevendo romances e até pintando quadros. Sim, o Bukowski pintor também existiu!
Ganhou do pai uma máquina de escrever, mas por causa do que escrevia, foi expulso de casa pelo velho conservador.
Com muitas dificuldades financeiras, viveu (literalmente) à margem da sociedade. Morou em pocilgas, pensões. Teve subempregos e empregos temporários (faxineiro, frentista, carteiro e motorista de caminhão, entre outros).
Passou a beber muito e a escrever mais ainda. Entre suas influências estão Dostoiévski, Henry Miller e Ernest Hemingway (com quem aprendeu o jeito simples de escrever e frases curtas).
Entre os principais temas da obra de Bukowski estão:
Rebeldia contra o trabalho mecânico e o sistema.
Alcoolismo como modo de vida pra se anestesiar da realidade.
Sexo e amor sem idealizações.
Solidão e miséria tratadas com ironia.
Pela vida (que com certeza não pediu a Deus...) criou um estilo próprio de escrita. Em meio a porres homéricos também filosofava. Acreditava que a vida não tem um propósito definido, mas que a arte e a escrita podem ajudar a dar algum sentido à existência.
Em 9 de março de 1994, o "Velho Safado" ("Dirty Old Man") bateu na porta do céu pra pedir máquina de escrever e papéis emprestados a São Pedro. Na sua lápide está escrito apenas "Don't Try" ("Não Tente"), que é parte de uma frase lema do escritor: "Não Tente. Viva".
Com esse jeito direto e sincerão, jamais seria aceito num grupo de escritores limpinhos, cheirosinhos, amiguinhos, certinhos, organizadinhos, que seguem a cartilha da "boa sociedade", ou seja, não aceitaria fazer parte de alguma academia de letras.
Um dos biógrafos de Charles Bukowski, Jim Christy, escreveu que, apesar dos estilos serem parecidos, o escritor não fez parte da chamada "Geração Beat". Para Christy, a principal diferença é que o "Velho Safado" era engraçado...
Era o jeito de ser e de viver de Bukowski!