Donos de emissoras de TV e seus capitães-do-mato mostram que, do que eles menos entendem, é desse negócio chamado televisão. Falo, aqui, do ponto de vista, do pessoal, dos empregados ou, usando um eufemismo que a turma do RH adora, dos colaboradores...
Sustento essa tese pelo o que vem acontecendo há alguns anos. Não! Não é de agora. Algum coach devem ter ensinado aos empresários que, se você pode vender pão do mesmo jeito, por que você vai comprar matéria-prima mais cara, melhor? Por que você vai ter padeiros mais experientes e competentes, se um aprendiz de cozinha também faz pão? O que interessa é vender! Gastar menos e ganhar mais. Agora, nesse negócio, troque padaria por televisão que o resultado vai ser igual.
Mas não é só! O povo sabe quando o pão é bom, é macio, tem sabor, um cheirinho gostoso e boa apresentação. Se não tiver essas características básicas, não compra. Comemos não só com a boca. Mas com os olhos e o nariz.
Mesma coisa num telejornal: A notícia precisa ser bem apurada, bem redigida, bem apresentada de uma forma simples, mas sem erros de português, ser atraente. Ser produzida por quem tem conhecimento, estudo, cultura. E que seja VERDADE. Bom, isso é o ingrediente básico do verdadeiro jornalismo.
E se fosse "só" isso... seus problemas teriam acabado! Mas não é só isso!
A forma de consumir notícia mudou! Só o cara que fica sentado em cima do dinheiro não percebeu. As pessoas dão menos importância para a TV e mais para outros meios de comunicação. A internet, por exemplo. Ou mesmo as redes sociais. Tanto é verdade que os veículos tradicionais de jornal, revista, rádio e televisão, estão investindo em páginas como o instagram. Na telinha ele tentam pescar os telespectadores que saíram da frente da tela grande faz tempo.
Será que tem gente que acha que o futuro da comunicação (ainda) está nos telejornais? Ou na forma como eles são feitos há décadas? Parece que sim! Os donos do negócio, por exemplo.
Só que eles estão fazendo a aposta errada. Que literalmente vai custar caro. Ao mandar embora os jornalistas mais experientes (com salários "maiores"... o que seria um "salário alto", cara-pálida?), eles abrem mão da verdadeira audiência. Hoje, o "grosso" dos espectadores é formado por pessoas mais velhas. Os jovens abandonam em maior número os telejornais. Um bando de jornalistas "de frauda" vai ficar falando e sendo "engraçadão" para ninguém. Quem é novo já se mandou. E quem é velho "não se vê" naquela turma de fedelhos que aparece na tela.
Sem saber o que fazer (e pressionados por chefes e patrões que cobram audiência) repórteres e apresentadores viram profissionais de "programa de entretenimento", quando, na verdade, deveria ser um horário para notícias.
Ao longo dos anos, a audiência vem caindo...caindo... caindo. Alguém pode dizer assim: "Somos líderes!"... Beleza, mas com quantos aparelhos ligados? O cara afirma: "Fazemos 50% do share". Que é essa medição da audiência: Se tem 10 tvs ligadas e 5 estão no seu canal, você tem 50% do share. Parabéns!
Entretanto... O que dá volume (sem trocadilho...) para a televisão é uma grande quantidade de aparelhos ligados. O que não acontece mais. Há alguns anos, por exemplo, eram 100 mil ligados. Hoje são, em hipótese, 10 mil. Então é matemático: Uma coisa é ter 50% de 100 mil e outra, 50% de 10 mil...
O jovem se desinteressa porque aquele veículo "não fala a língua dele" e ele não tem paciência pra esperar o dia inteiro, até de noite, pra saber das notícias, se ele pode saber praticamente na hora pelo celular.
O velho enfrenta algo parecido. Tentando buscar o telespectador jovem que foi embora, os jornalistas tentam ser os engraçadões, os amigões e também desagradam o público, digamos, mais experiente.
Resultado: Nem jovem nem velho.
"Alô! Alguém na escuta?"
