domingo, 19 de abril de 2020

TROCA UM BATOM POR UM BIFE?

    Sim! Nós, classe média remediada/média média/média alta, vivemos numa bolha. De vez em quando, uns dão uma espiada pro lado de fora, mas como se aquele fosse um mundo distante, "não o nosso". 
    Preocupações da classe média: "Será que eu vou ter de pagar minha diarista mesmo que ela não venha por causa do coronavírus? Ou, se eu quiser que ela venha, terei de ir buscá-la de carro, ou seja, gastar gasolina que sai do meu bolso? Por que o governo tem de gastar 600 reais por mês com esse pessoal pobre? Por que eles não vão trabalhar? Se eu vou, por que eles não vão? Ah, que saco, tenho que aguentar meus filhos em casa... não aguento mais meus filhos! Por que não abrem as creches? Aposto que com máscaras e álcool em gel, as professoras sobreviveriam... Outro coisa que não suporto mais: Esse negócio de ficar cozinhando todo dia ou pedindo comida por aplicativo. Quando eu vou poder ir naquela churrascaria maravilhosa? Como ficar sem encontrar a turma na balada? E essa TV a cabo? Liberaram canais, mas reprisa muito a programação... E no  noticiário só falam nessa covid-19. Encheu o saco!"
    E há aqueles que insistem em sair às ruas pra "se exercitar"...."fazer caminhadas"..."correr"... Tem aquele jornalista (com cérebro do tamanho de um grão de areia...) que ao ser flagrado correndo no calçadão da praia, se justificou: "Mas eu não faço parte do grupo de risco"... Na verdade, ele é um risco para a inteligência humana... Quer fazer exercício? Varre a casa, tira o pó, levanta móveis! Se tiver jardim onde mora, corta a grama...
    Nossa classe média anda tão preocupada com o que realmente importa, que tem até gente lamentando que não pode mais "passar um batonzinho, se arrumar melhor e sair pra ver as amigas". Como se essa fosse, hoje, a maior preocupação da raça humana que só pensa em sobreviver.
    Pode saber que o seu Zezinho, lá da Vila Piroquinha, trocaria um batom por um bife...


"A SINHORA TEM UM BIFE PRA EU?"