O propósito da internet quando se popularizou lá pelo começo dos anos 2000 era nobre: "Diminuir a distância" entre as pessoas. A separação geográfica seria uma mera questão de escala em quilômetros ou milhas. Os aproximadamente 7 bilhões e 800 milhões de terráqueos (estimativa da ONU) estariam separados apenas por um...click de uma rede social. Seria a amizade universal cobrindo o planeta. Que mundo de polianas era aquele há menos de 20 anos?
Esse "lado bom" das redes sociais (encontrar parentes e amigos, conseguir informações, acessar médicos e hospitais, serviços de alimentação e de transportes etc...etc....) veio com o "lado sombrio". Ou seja, nada mais humano do que isso. Se a coisa ficasse só no "jeito de ser e de estar" das pessoas como: ciúme, inveja e arrogância, até que dava pra "administrar". O problema é que vai muito além disso. É muito pior do que isso.
É o que mostra o documentário "O Dilema das Redes", produzido pela Netflix. Lá está tudo isso e mais: a manipulação que a internet faz na vida das pessoas. Os depoimentos não são de cientistas sociais, sociólogos e psicólogos. É de gente lá de dentro. De quem criou, aprendeu e ensinou a manipular os "usuários" das redes. São todos ex-executivos do facebook, instagram, twitter, snapchat e outros. Aliás um deles disse :"Você já notou que a expressão usuário é utilizada pra quem consome drogas e tem acesso à.... rede social?"
De acordo com as entrevistas, o produto na rede social é a pessoa, não um objeto. Eles vendem você para grandes empresas que ficam te empurrando, o tempo todo, as mais diversas mercadorias. Tudo embalado em propaganda bonitinha e "edificante": Você "não vai conseguir viver" sem comprar aquilo.
Manipular a vida de quem está na rede. Esse é o principio de tudo, de acordo com quem criou essas empresas de mídia social. Eles te sugerem "amigos", te sugerem cursos, te sugerem produtos, te sugerem que você crie e/ou participe de grupos. Com as tuas preferências, eles podem conduzir teu subconsciente do jeito que acharem melhor.
É pouco? As eleições de 2016 nos Estados Unidos e de 2018 no Brasil, são citadas como exemplos de que a manipulação pode chegar ao campo mais perigoso: a política. Direcionando eleitores, quem cria conteúdo político nas mídias sociais pode levar países para autocracias insuportáveis.
O acesso de crianças e de pré-adolescentes também tem um capítulo: ainda com a personalidade em formação, essas pessoas são "bombardeadas" com informações e comentários que podem ser nocivos à elas. Por exemplo: Se uma criança publica uma foto, dependendo das críticas que receber por sua aparência, isso pode afetar o psicológico dela.
Deveria haver uma idade mínima para o acesso às redes sociais, segundo um entrevistado, ex-diretor de uma produtora de conteúdo para a internet. Ele defende que só quem tem mais de 16 anos poderia acessar a esse mundo.
Que deve ser criado algum controle para as redes sociais, isso não há dúvida. O que não dá é elas continuarem controlando a vida das pessoas.
Por hora, fiquemos com o pensamento do físico Stephen Hawking :
"Acredito que o desenvolvimento pleno da inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana".