Era manhã de terça-feira, 11 de setembro de 2001. Eu caminhava pelo centro de Curitiba, na praça Osório, numa época em que havia muito mais lojas de eletrodomésticos com televisores na vitrine. E foi numa telinha dessas que eu vi o que estava acontecendo: uma das torres do World Trade Center havia sido atingida por um avião comercial. Eram 9h46min (horário de Brasília e 8h46min de Nova York) e ao assistir aquela cena trágica pensei: "Tá começando a terceira guerra mundial!" Logo em seguida veio o outro abalo: Às 10h03min de Brasília (09h03min em NY), mais um jato se espatifou na outra torre.
Lógico que pensar em guerra mundial foi um exagero. Mas foi o que veio à mente naquele instante. Uma batalha global nem era possível. Os EUA eram a única potência mundial naquele começo de milênio. A Rússia ainda "juntava os cacos" do fim da União Soviética há pouco mais de 10 anos. E a China não era nem de longe o que é hoje.
Do ponto de vista do Jornalismo, lembro que assisti a aquilo tudo sendo narrado pelo Carlos Nascimento. E o espanto de todo mundo também foi o dele, óbvio, ao ver a segunda torre caindo. O apresentador pensou (e falou no ar, ao vivo...) que era "replay" da queda da primeira torre. Era, em verdade, o segundo prédio ruindo....
Naquele dia, numa reunião, perguntamos a um então chefe o que poderíamos fazer localmente. Tentar descobrir se existiam, por exemplo, paranaenses entre as vítimas ou entre as testemunhas do ataque. Talvez por ignorância, talvez por arrogância (por se achar um "especialista em internacional"...), talvez por total desinformação - talvez por tudo isso - ele se saiu com essa: "Fazer o quê? Procurar o quê? Até amanhã isso vai estar esquecido, Ninguém nem vai se lembrar mais disso!".
Fato é que, por outras vias - e outras pessoas - buscamos informações. Bora lembrar que o ano era 2001. Para os mais jovens é bom informar que era uma época SEM orkut e facebook (surgiram em 2004)... sem youtube (2005) ... sem twitter (2006)... e sem instagram (2010). Ou seja, sem rede social! O whatsApp, é bom lembrar, ainda, veio só em 2009. Contato, mesmo, em 2001, com qualquer canto do planeta, só por telefone, fax ou telex.
Aquele ataque à América viria a mudar o mundo. Militarmente, politicamente, economicamente. A "Guerra ao Terror", lançada por George W. Bush, foi com tudo pra cima de Osama Bin Laden (comandante dos ataques no 11 de setembro), pra caçá-lo e pra destruir a Al Qaeda. O presidente americano começou a era da "guerra sem fim": Foram 20 anos de domínio sobre o Afeganistão (desocupado só agora em 2021). Mas, segundo o veterano da CIA, Bruce Riedel (que estava na Casa Branca no dia do atentado), essa batalha contra os terroristas começou toda errada. Sob o pretexto de aniquilar Bin Laden, Bush mandou invadir o....Iraque.
20 anos depois, não teve terceira guerra mundial. Os Estados Unidos não são mais a única superpotência. A China virou, também, um império. A Rússia tá ali, ombro a ombro, incomodando mais com espionagem eleitoral via internet.
Aquele (já) longínquo 2001 virou história. E lição pra todo o planeta: Líderes mundiais não devem subestimar uma ameaça. Ninguém está (realmente) seguro em lugar nenhum. E jornalistas devem "apostar" em todos os fatos. Até que se prove contrário, é notícia. Das maiores.
Todo mundo lembra daquele dia. E todo jornalista deve ter uma história pra contar.
