domingo, 17 de outubro de 2021

"A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO": SERÁ?

    




    Para "ir ao paraíso" é preciso morrer ou...basta "atravessar um muro"? Onde está e o que é o "paraíso"? Jean-Paul Sartre disse uma vez: "O inferno são os outros". Essa busca de identidade pode ser relacionada com a definição de paraíso? Será?
    Fato é, companheiras e companheiros, que o filme "A Classe Operária Vai ao Paraíso" (dirigido por Elio Petri em 1971 e com o ótimo Gian Maria Volonté no papel principal) é considerado o marco do chamado "cinema político e de crítica social" da Itália. Volonté faz o trabalhador Lulu Massa (no italiano, Massa também pode ter o sentido de multidão...) dedicado ao ofício de torneiro mecânico, empregado exemplar. Ele não se envolve nas questões políticas do sindicato até que perde um dedo no torno (já viu a história de alguém parecida com essa????). A partir de então, abraça os sindicalistas e a estudantada de esquerda (que fica na porta da fábrica "tocando fogo" nos operários, incitando a peãozada contra os patrões...).
    O filme não discute uma situação partidária ou de governo. Mas a relação de exploração entre quem manda e quem trabalha. A desumanização do trabalho, "o homem virando máquina", "animal de carga"...Lulu que sempre foi o cara do "bate cartão - trabalha - vai pra casa - repete isso todo dia - no fim de semana namora a mulher e vê futebol na TV"  acorda para a realidade quando sofre o acidente e não tem o apoio dos donos do negócio.
    Consciência política, consciência de classe. Mas o filme de Petri também traz ironias. Na caminhada de Lulu Massa e seus camaradas, como também no título.
    Afinal, qual o caminho até o "paraíso"? Chega-se a ele pelo trabalho? Pobre também pode ter esse "privilégio"? 
    É possível ser humano fora do trabalho ou só dentro dele? Questões que o filme discute.
    Uma vida de trabalho e um muro para derrubar. A classe operária pode ir ao paraíso. 
    Resta saber de que paraíso estamos falando...