sábado, 6 de novembro de 2021

A VIDA E SUAS TRAGÉDIAS: NOSSAS ESCOLHAS, NOSSOS SOFRIMENTOS E UM SER CHAMADO "HUMANO"

      
"O Grito" (1893) - Edvard Munch


    Para o filósofo grego Aristóteles (384 AC - 322 AC), a tragédia - no sentido teatral - era um gênero que transmitia para o público as sensações vividas pelas personagens. A isso ele chamava de "catarse": As pessoas - que assistiam à peça - passavam por uma espécie de "purificação" ou "purgação" dos sentimentos. Com certeza um princípio da empatia: se colocar no lugar do outro. Sofrer as dores do outro.
    Ainda, de acordo com a filosofia, tragédia e teatro têm a mesma origem: os rituais primitivos que eram o elo entre os homens e os deuses. A busca no "divino" de respostas para as dores do mundo. A história do planeta tem sido marcada pela vulnerabilidade da condição humana e suas tragédias. 
    A tragédia está nas ciências e nas artes. Ou seja, na vida humana. Viver é conviver com a expectativa da morte. A tragédia pode estar logo ali.
    Existem as grandes tragédias que mexem com uma cidade, um país ou o mundo. É o que se chama de "comoção": Um abalo físico e/ou emocional. É da natureza humana "não querer acreditar" no chamado "imprevisto", em algo ou alguém que se perdeu. Mesmo porque as pessoas são movidas não só por razão, mas também por emoção. É uma coisa química. Seria "meio a meio" (razão e emoção)? Não sei. Desconheço que exista estudo que "meça" isso. 
    Fato é, minha amiga/meu amigo, que de tragédia em tragédia, a história está repleta de atos (até irracionais) de comoção e também de seres que se aproveitam de catástrofes para "lucrar" com isso. Seja politicamente (e aí estão espertalhões de todos os matizes...) ou economicamente (a gente nem imagina todas as formas de "ganho" que se consegue numa situação assim...).
    Malandros/malandras que não estavam nem aí para o trabalho, a vida, da vítima de uma fatalidade e, mais rápido que um raio, "embarcam na onda" pra demonstrar uma "empatia de fachada".
    É dolorosa, óbvio, qualquer tragédia. Como também é triste constatar o ardil usado por muitos num momento assim.
    Afinal, tragédias, chamam a atenção. Despertam o interesse da "plateia humana". Do tempo do antigo teatro grego até um tempo que não se pode imaginar quando terá fim.
    Disse o escritor americano Dan Brown:
    "Nada capta mais o interesse humano do que uma tragédia humana".
    Já o escritor, filósofo, semiólogo e linguista italiano, Umberto Eco, sentenciou:
    "Justificar tragédias como vontade divina tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas".
    Afinal, a gente vê, todo santo dia, que o comportamento humano pode ser, muitas vezes, causa de tragédias.