Jornalistas com, pelo menos, 25 anos de profissão devem procurar um laboratório e deixar amostras de DNA. Motivo? "Jornalista raiz" está em extinção. Daqui a meio século, mais ou menos, vão perguntar: "Onde estão os verdadeiros jornalistas? Aqueles que sabem o que é e que gostam de notícia importante?".
Aí alguém vai lembrar: "Vamos no laboratório pegar o DNA de um desses profissionais de mídia. A gente reproduz, em tubo de ensaio, um velho homem de imprensa."
Tipo o filme "Parque dos Dinossauros".
De laboratórios podem sair aqueles repórteres que buscavam a informação relevante. Que apuravam de maneira correta e a divulgavam na medida exata. Pessoas que tinham educação (no sentido acadêmico) , cultura e formação profissional minimamente suficientes para a "peleja do ofício da verdade verdadeira" como li, uma vez, num cordel.
Gente que vai sair de um "túnel do tempo", ou de um tubo de ensaio, com aqueles princípios dos "velhos canalhas" como políticos criticados e barões da imprensa chamavam quem habitava as redações e insistia em dar notícias.
Essa gente é do tempo em que jornalista tinha a "estranha mania" (meio que parodiando o Miltão...) de querer consertar o mundo. Não é por acaso que Jornalismo é uma profissão ligada às Ciências Humanas, assim como a Sociologia, Direito, Filosofia, História...
Pauta que interessava era aquela que trazia uma denúncia de falta de respeito aos Direitos Humanos; de roubo do dinheiro público; de maracutaia em geral dos políticos; do safado que explora a pobreza do povo da região de uma cidade.... Se o dono do jornal/TV reclamava e não queria deixar "dar" a reportagem, então é porque ali estava a notícia...
O "jornalista raiz" era o cara que entendia que obra pública era obrigação do governo. Divulgar era publicidade. Só virava assunto do jornal dependendo da "relevância" do que era feito. Assim: Construída uma ponte onde só havia balsa. Mesmo assim, informando a licitação, quem disputou, custos, se não teve desvio de verba. Essa coisa que a gente sabe que não existe no Brasil...
Sim, companheiros e companheiras! Aí vocês me perguntam: Mas jornalista "bom" é só jornalista "velho"?. Claro que não. Na nova geração tem gente boa. Poucos profissionais realmente com vocação pro negócio, mas tem... O problema é que os patrões estão mandando embora os experientes e ficando só com a piazada.
Como disse um jornalista "velho" que eu conheço e que já foi mandado embora há algum tempo: "Pelo jeito, agora não pode ter jornalistas mais velhos na TV. Experiência está sendo tratada como despesa".
E entre a garotada que resolveu "tirar" o diploma de jornalista, tem muita gente que está mais para o "desbunde" da rede social: Fazendo caras & bocas....se aparece no vídeo, então! Meu Deus! É pra "caçar" cliques das Migas & Migos. A meninada está aí mais para "causar"...
O que chefetes que ficam empregados e barões da imprensa, que só se preocupam com o saldo bancário, não enxergam é: Jornalismo é uma profissão na qual a pessoa melhora só com o tempo. Chega a ser engraçado alguém dizer: "Já tenho 5 anos de experiência"... Nossa! Parece uma eternidade...
Em algumas funções, o profissional não pode (por questões de segurança e de limitação física) "envelhecer" no trabalho. Por ex,: piloto de Fórmula 1, jogador de futebol, piloto de avião, cirurgião. Nesses casos - e em outros - o cidadão tem que "dar o melhor" dele - e atingir a excelência - enquanto é relativamente jovem.
Mas o jornalista não. Ele aprende cada vez mais com a vida, com as experiências. Vai adquirindo conhecimentos. Quanto mais velho, melhor.
Por isso é vital - daqui a alguns anos - que se crie o "Parque dos Jornalistassauros". Ou a "Redação dos Jornalistassauros".
A ciência é que vai salvar o bom Jornalismo.
