É óbvio que uma transmissão como essa tem apenas o interesse comercial. Ponto. Nada de divulgar a cultura popular brasileira, a história e seus cortejos de horrores (pegando uma carona no título do livro de Fernanda Torres, "A glória e seu cortejo de horrores"). Cortejo de horrores que apresenta o preconceito racial, o machismo, a homofobia, a misoginia.
Dito isso, quando a escola Paraíso do Tuiuti estava no chamado esquenta no Sambódromo carioca, a deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP) teve uma manifestação interrompida na transmissão da Globo. Erika falava sobre a homenageada no enredo: Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil. Xica veio trazida do Congo como escrava no século 16.
Mas a censura (como qualquer censura!) foi muito mal feita: Primeiro cortaram para uma câmera de um drone com uma imagem bem do alto. Depois para uma repórter que teve de improvisar um comentário sobre fibra de vidro e isopor usados nos carros alegóricos. E pra "piorar", enquanto a repórter falava, dava pra ouvir a deputada, ao fundo, bem baixinho, falando.
Onde está a "defesa" da liberdade de expressão, da manifestação das minorias, dos direitos à diversidade, dos direitos de todos que a emissora tanto afirma ter como alguns dos seus princípios? Com certeza, apenas em quadros nas paredes da Vênus Platinada.
Carnaval é a expressão da cultura popular através de um ritmo chamado samba.
Ah, e o tema da escola era "Quem Tem Medo de Xica Manicongo?"
Pelo jeito, a Globo tem!
Veja o vídeo com o corte na fala da deputada federal.
Agora veja a fala de Erika Hilton na íntegra, sem corte, sem censura.
(fonte: YouTube)