É tenso, denso, difícil. Principalmente no começo. Todos os horrores de uma das coisas mais estúpidas já criadas pela humanidade: A guerra. E seus resultados. Nesse caso, a Segunda Guerra. É nesse climão de pós-guerra, com a cidade de Hiroshima destruída pela bomba atômica que acontece a história de "Hiroshima, Meu Amor" (1959), dirigido por Alain Resnais (1922-2014) com roteiro de Marguerite Duras (1914-1996). Ela foi roteirista, escritora, atriz, autora do livro que deu origem ao filme.
"Hiroshima" acontece em 1959: a atriz francesa Elle (Emmanuelle Riva - 1927/2017) casada, vai ao Japão para fazer um filme. Lá ela conhece o arquiteto japonês Lui ( Eiji Okada - 1920/1995). Ele também é casado, mas a mulher está viajando...Elle e Lui ( "Ela" e "Ele" em francês...) vivem um caso de amor curto e intenso.
O caso é curto porque ela voltará à Paris depois das filmagens. Nesses poucos dias, cada um relembra seu passado: Elle se apaixonou por um soldado alemão durante a guerra. Como represália, ficou confinada pela própria família - num porão onde guardavam vinhos - durante alguns dias e só ganhou a liberdade quando o rapaz foi morto quase no fim do conflito mundial.
Uma francesa casada e um arquiteto japonês também casado se envolvem romanticamente. Pela cabeça da personagem passam todos os temores de viver, de novo, um amor que parece ser impossível.
É preciso destacar o texto de Marguerite Duras, uma das principais escritoras do século XX. Diálogos fortes e rápidos. A fotografia em preto e branco é maravilhosa.
Não é por acaso que críticos já o classificaram como um dos mais belos filmes já feitos.
Curiosidade: O ator Okada não sabia falar francês. Ele precisou aprender a fonética das palavras e decorar uma por uma, literalmente. Precisou ficar 100% "preso" ao texto.
* "Hiroshima" pode ser visto no streaming MUBI em uma cópia restaurada de excelente qualidade.
