domingo, 7 de janeiro de 2018

CONY, O ÚLTIMO GRANDE HERÓI

    Por mais que se diga, se pense, se fale....muito ainda será pouco pra se comentar, pra se lembrar de Carlos Heitor Cony. De minha parte, guardo várias lembranças do escritor. Uma delas era a imensa satisfação de abrir a página 2 da "Folha" aos domingos (sim! ainda sou leitor de jornal impresso!), pra saber "a última do Cony".
    Jornalista e escritor, deixa uma obra importante. Foi, com certeza, nosso último grande MESTRE. Muito se fala que fulano é mestre, que fulana é mestre. "Banalizaram" o uso da palavra. No jornalismo, então... História, política, cultural geral, era com ele. Quem carrega essa "bagagem" hoje? Pouquíssimos. Dos que "aí estão", os meus preferidos são o Ruy Castro (pela monstruosa cultural musical e cinematográfica) e Jânio de Freitas (pela lucidez e conhecimentos políticos).
    Infelizmente, Cony se vai e com ele, um estilo - não só de jornalismo - com aquele texto elegante, aquela educação nata, um jeito agudo, ácido, irônico de descrever a vida, mas sempre de uma forma de "fino trato" - mas, também, se despede um "estilo" de jornalista. Hoje, são raríssimos os casos de periodistas realmente cultos. Não confunda, por favor, nível educacional com cultura. O sujeito pode ter curso superior, mestrado, doc, pós-doc, falar 500 idiomas e ser um tapado. 
    Nossas novas gerações do Jornalismo adquirem "cultura", "informação", "conhecimento", pelo facebook. Não é só profissional da área de Comunicação, mas de qualquer uma. Você, que é jornalista, me responda: Qual o livro que você está lendo? Qual o último - ou os últimos - que você leu - e isso faz quanto tempo? Dá dó, mas é verdade: as pessoas têm mais "tempo de facebook" do que de leitura do que realmente importa. Aí você me diz: "Ah, não seja chato! Não tenho tempo!". Mas aquela meia hora (ou mais!) que você gasta por dia no FB, poderia ser usada pra ler um livro.
    Na moral: jornalista virou "montador" de texto ou "montador" de reportagem. Vai tudo no automático. Quase não se pensa, quase não se escreve. E quando se escreve... 
    O negócio é "ser esperto", ser amigo de todo mundo - e com esse "mundo", ter foto no FB pra ganhar "likes" - ter uma carinha bonita ("sorry, periferia..." nem todos têm...) e dizer que é "jornalista"...
    Carlos Heitor Cony merece ser reverenciado. Fica tranquilo que, logo logo, algum político espertalhão vai usar o nome dele pra batizar rua ou praça... de nossa parte, jornalistas, a melhor homenagem que podemos fazer é a busca, diária, pelo aprimoramento profissional. 

                                                       

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