"A nossa supremacia branca é assim. Não tivemos leis segregacionistas, como nos Estados Unidos, mas temos o mesmo princípio de que algumas pessoas são mais humanas do que outras.[...] No Brasil não temos uma imprensa que nos apoie, que esteja realmente comprometida com a luta antirracista. Isso já vemos com mais frequência nos Estados Unidos.[...] Temos programas jornalísticos sensacionalistas que mostram todos os dias jovens negros sendo presos, com apresentadores dizendo: "são marginais, é isso mesmo". Não há um olhar mais sofisticado de todo o jornalismo sobre a maneira como são feitas essas prisões ou chacinas.[...] Depois da abolição, o Brasil não criou leis claramente segregacionistas, mas encontrou formas igualmente perversas de lidar com a população negra, que transformaram o racismo em algo não dito."
Luciana da Cruz Brito, historiadora, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Ela é especialista em história da escravidão. Esses são trechos de uma entrevista à BBC News Brasil.
