sábado, 12 de dezembro de 2020

AS "FONTES" DOS JORNALISTAS SECARAM? COMO FICA A PRECISÃO DA INFORMAÇÃO?

    


    Velho (e competente!) homem de imprensa lamentava, esses dias, que os jornalistas (com raríssimas exceções) não têm mais fontes, não têm mais contatos, números de telefones de pessoas que possam confirmar (ou não) informações, que possam ajudar (ou não) a produzir uma reportagem.
    A principal "fonte" dessa grande  massa nova de jornalistas, lembra o experiente redator, é o Google ("tio" Google) para os íntimos. O mesmo Google que a população (de uma forma errada...) procura, por exemplo, pra confirmar um diagnóstico de doença; pra saber "o que é isso que eu tô sentindo"; "o que é bom tomar pra essa dor"! ...Diagnóstico médico - e receita - só com médico!
    De volta ao nosso assunto: O problema pode estar desde a descoberta da "vocação": A pessoa "descobre" que quer ser jornalista. Mas quer ser jornalista pra quê? Pra "aparecer na televisão", pra "falar no rádio", pra fazer "caras & bocas" na rede social, ou pra informar o povo para termos uma sociedade melhor? O grande mestre (façamos sempre reverências para ele...) Alberto Dines já disse:
    "O leitor não é consumidor, mas cidadão. Jornalismo é serviço público, não espetáculo".
    Como lembrou aquele velho homem de imprensa (lá do começo), hoje, jornalista (aqui volto às raríssimas exceções...) não checa mais informações; não "duvida" daquilo que dizem pra ele. Repórter, por natureza, tem que ser o "chato", o sujeito que faz um monte de perguntas pra verificar a veracidade de um fato. Os profissionais de imprensa vão pelo "caminho mais fácil", ou seja, só reproduzem aquilo que passam pra eles. Sobre isso, também disse Dines:
     “O jornalismo fiteiro consiste na transcrição pura e simples de grampos (legais ou ilegais), fitas (em áudio ou vídeo) e dossiês, entregues por ‘fontes secretas’ a um jornalista (ou intermediário) desde que haja o compromisso da imediata divulgação sem recorrer a qualquer suporte investigativo”.
    Com essa afirmação acima, aí me lembrei da Lava Jato.
    E a chamada "honestidade profissional"? Em tempos de muita fake news - e de combate às informações falsas - lembremos do que também afirmou outro mestre dos mestres da profissão, Cláudio Abramo:
    "O Jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter".
    Ainda: Um dos maiores problemas é a formação "intelectual" dos novos jornalistas: Eles não leem mais. Isso é básico na profissão de Comunicação. Só escreve bem quem lê muito. Além da pobreza de conhecimento, escrevem mal e/ou falam textos horrorosos. Confundem "ser popular" com pobreza de vocabulário, miséria de estilo. A  redação fica ruim.
    Pra terminar, vamos lembrar uma frase da jornalista, colunista, cronista e escritora Clarice Lispector (que teria completado 100 anos nessa semana):
    "Já que se há de escrever...que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas".