segunda-feira, 22 de novembro de 2021

PROFISSÃO: REPÓRTER... DE TV (EM EXTINÇÃO)

    


    Há poucos dias um amigo me disse que precisava contratar um repórter para televisão. Mas que (por incrível que pareça) não estava encontrando alguém que topasse a empreitada. E vamos lembrar que o que as empresas de comunicação mais têm feito é mandar gente embora.
    Poisintão...teoricamente (eu disse "teoricamente") portanto não deveria ser "difícil" conseguir um repórter. Mas está sendo. Falamos, naturalmente, de um(a) profissional minimamente experiente, que não seja apenas um "segurador de microfone". Meu amigo manteve contato com várias pessoas. Mas todas disseram "Não". Obviamente vou declinar de informar nomes, mas revelo os motivos que alegaram pra não voltar para a reportagem em alguma televisão. São profissionais que ou foram demitidos ou pediram demissão. 
    Alguns (as) repórteres demitidos (as) tentaram, por algum tempo, voltar ao mercado, mas não encontraram vaga. Tentaram até mudar a função: para editor ou produtor. Não conseguiram. Foram fazer outra coisa na área de Comunicação. Assessoria de imprensa é a mais comum.
    Tem gente que desistiu não por falta de vaga. Desistiu porque o que foi oferecido estava muito abaixo do que se esperava. Tanto no salário quanto no "perfil" do tipo de cobertura que precisaria fazer.
    Há aqueles (principalmente entre os que pediram para sair) que preferiam mudar de profissão: Viraram mestres de cerimônia; professores; escritores; representantes comerciais; vendedores de serviços ou produtos; advogados, médicos ou pequenos empresários. 
    As novidades tecnológicas também têm levado alguns repórteres: Em vez de continuar trabalhando de empregado, o jornalista prefere ter um canal no YouTube, por exemplo. Vai ser "dono do próprio nariz" e pode, até, ganhar mais do que na época em que era empregado. Isso pode não ser difícil.  Bora lembrar que os patrões estão achatando os salários cada vez mais.
    E o perfil de quem tem saído das faculdades de comunicação não tem ajudado em nada: É um pessoal "deslumbrado" que quer "aparecer na televisão", ganhar "notoriedade", para ganhar "likes" de manas e manos nas redes sociais. E a formação/interesse em cultura/política/economia ? Vixe! Esqueça...
    Alguns mais "antigos", mais "rodados", ainda resistem em deixar o emprego. Ou porque ainda gostam do que fazem ou por uma questão de sobrevivência, segurança:  a menos que estejam "com a vida encaminhada", dependem do salário. Mas como "não tem almoço de graça", também ficam dependentes do humor do patrão que "dita" algumas pautas.
    No resumo da ópera (que está mais para o "drama" de um tango...), para ser "segurador de microfone" podem aparecer muitos. Mas Jornalista (com J em maiúscula) está cada vez mais difícil. 
    O profissional como (ainda) conhecemos está em extinção.

    Obs: A foto que ilustra esse texto é uma cena do filme "Profissão: Repórter" (1975), com Jack Nicholson. Direção de Michelangelo Antonioni