Aqui em terra brasilis, notícia sobre o Festival de Cannes foi (quase) só Wagner Moura, Kleber Mendonça Filho e o filme "O Agente Secreto". Normalíssimo! Wagner ganhou o prêmio de melhor ator e Kleber de melhor diretor. Mas qual o filme que levou a maior premiação, a honra eterna, da Riviera Francesa, em 2025?
Foi o filme iraniano "It Was Just an Accident" ("Foi só um acidente") dirigido por Jafar Panahi, 64 anos. Detalhe: O cineasta foi preso e proibido de deixar o Irã durante 14 anos. a detenção foi em 2010. Motivo alegado pelo regime de força que comanda o país: propaganda contra o governo...o filme vencedor questiona um estado autoritário.
O que pegou contra Panahi: O o governo o acusou de "tentar fazer" um documentário sobre os protestos contra a questionada reeleição de Mahmoud Ahmadinejad em 2009. Mesmo preso, desafiou as autoridades e dirigiu e produziu um filme aqui e outro ali...obviamente com muitas limitações.
Recebeu, há pouco tempo, o direito de viajar e mandou essa em Cannes:
"Como posso estar feliz? Como posso ser livre enquanto, no Irã, ainda existem tantos dos maiores diretores e atrizes do cinema iraniano que, por terem participado e apoiado os manifestantes durante o movimento 'Femme Liberté', hoje não podem trabalhar?"
A Palma de Ouro e uma salva de palmas para Jafar Panahi!
E você sabia, amiga/amigo cinéfila(o), que Jafar Pahani esteve no primeiro longa-metragem de Kleber Mendonça que participou esse ano de Cannes com "O Agente Secreto"? Sim!!! Foi em 2008 no filme "Crítico". O próprio Kleber relembrou para os jornalistas lá no Festival:
"Eu adoro o Panahi. Foi uma das minhas melhores entrevistas quando eu era crítico. Ele, inclusive, está no Crítico, que é meu primeiro longa, sobre a crítica de cinema, sobre ser cineasta.[...] Acho que considerando o mundo hoje, O Agente Secreto e o Foi Só Um Acidente são filmes que parecem destaques interessantes na premiação, porque eles falam muito de liberdade, violência de Estado. Fico honrado de estar na mesma competição que o Jafar Panahi. Eu acho que [os filmes] conversam entre si, sim."
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