Pra começar: o filme é baseado no romance de mesmo nome ("Human Stain") de Philip Roth, lançado em 2000. Conta a história do professor de literatura clássica Coleman Silk (Anthony Hopkins) que, velho, fica viúvo e se envolve com uma faxineira da universidade, Faunia Farley (Nicole Kidman).
Pra continuar: Coleman, de pais negros (apesar de ele ter tom de pele branca e olhos claros...), esconde essa condição desde a adolescência o que lhe causa o rompimento com a família, mas vidas acadêmica e amorosa de sucesso. Jovem, é interpretado por Wentworth Miller. Velho, ele perde o emprego próximo da aposentadoria por causa de um mal-entendido que envolve racismo.
Faunia (Kidman), além de faxinar, ordenha vacas nas horas vagas pra garantir um quarto no sítio onde mora. Mas como ela é tão pobre? Apesar do perfil de princesa que sempre carregou, Nicole interpreta uma moça que vem de família com bom padrão social. Mas por ter tido problemas sérios em casa, deixou tudo pra trás e colocou o pé na estrada. Só que... nessa longa estrada da vida, a menina acaba se casando com um veterano da guerra do Vietnã, Lester Farley (Ed Harris), um cara totalmente pirado com a guerra e que acaba surtando de uma vez depois de uma tragédia familiar. O casamento acaba. Faunia também tem crises de surto.
Você vê que a vida do elenco principal não é nada fácil: Racismo, desemprego, brigas familiares, traumas da guerra, problemas financeiros...
Um personagem que se dá "mais ou menos bem" é Nathan Zuckerman (Gary Sinise), escritor que é o alter-ego de Philip Roth e que aparece em outros livros dele. Zuckerman é amigo de Coleman.
O livro foi escrito logo depois do escândalo Bill Clinton/Mônica Levinsky e é citado logo no começo do filme e em mais algumas cenas...
O filme é dirigido por Robert Benton, que morreu domingo passado aos 92 anos.
Pra terminar: Philip Roth (1933-2018) escreveu livros que tinham o perfil da crítica social. Eram um espelho da sociedade americana com suas dores e amores. Trazem a complexidade das relações humanas; exploram o desejo sexual e as formas que se manifestam; preconceitos, racismo; etarismo. Tudo num texto provocador para criar a reflexão.
O título em português não tem nada a ver: "Revelações". Melhor seria a tradução literal: "Marca Humana".
Tudo o que se disse acima se transformam em "marcas humanas" que todos carregam, de um jeito ou de outro, uns mais, outros menos, ao longo da vida.
* "Human Stain" (com o título em inglês) está disponível no streaming Amazon Prime Vídeo.