domingo, 30 de maio de 2021

FÁBIO CAMPANA: JORNALISTA RESISTIU À DITADURA MAS NÃO À COVID-19

   


     A formação política de Fábio Campana foi a esquerda. Foi filiado ao Partido Comunista em 1960. Aí veio a ditadura militar e foi preso político de 1966 a 1970. Com a redemocratização, ficou filiado ao PCdoB até 1981. Foi secretário de Comunicação de Roberto Requião na Prefeitura de Curitiba e no governo do Paraná nas administrações de Requião e de Álvaro Dias.
    Foi um dos principais jornalistas políticos do estado. Uma categoria "em extinção" no Paraná com o fim de quase todos os jornais impressos. Os profissionais que ainda estão nessa área "migraram" para blogs e portais de notícias. Falando em portal, como lembrou o site "Boca Maldita", "Campana era leitura obrigatória dos políticos. Se não saiu no Fábio, não era notícia no Centro Cívico".
    Informações, bastidores (que dão o "molho" para a notícia) Fábio Campana tinha de sobra. Afinal, foram cerca de 40 anos fazendo e noticiando política. Uma notícia todo mundo pode dar, mas o "saboroso bastidor" que ajuda o leitor a compreender melhor a informação, esse é para poucos.
    A cultura paranaense também perde muito sem o jornalista:Escritor, publicou 8 livros. Como diretor da Travessa dos Editores, "não deixou" que antigos escritores largassem a lida. Também incentivou o surgimento de novos cronistas. Foi confrade de pessoas como Dalton Trevisan, Wilson Gomes, Nego Pessoa e Jamil Snege.
    Profissional de comunicação, trabalhou em todas as áreas: jornal, televisão, rádio e internet. Seu contato diário com o mundo era o Blog do Fábio Campana.
    No ano passado, Campana publicou ao completar 73 anos:
    “Sem par, sem banda, sem foguete, sem lugar e sem violão. Nada. A esta altura, na periferia do mundo, com medo da pandemia, sem muito para comemorar, repito o que disse Vitorio Gasmann, bom seria ter duas vidas, uma pra ensaiar, outra pra valer”.
    Luiz Fábio Campana (Foz do Iguaçu, 1947 - Curitiba, 2021) resistiu à ditadura, à tortura mas não à covid. 
    Deixa uma obra importante que deve, com certeza, virar uma biografia. Afinal, foi realmente um grande influenciador (quando essa expressão ainda nem era modinha como é, agora, em redes sociais...) do debate político.